19 de maio de 2011

Crônica (suja) em linha torta

___Raramente produzo poemas; se muito, faço algumas paródias. Quando tenho alguma poesia na cabeça, vez por outra utilizo-a em alguma situação cotidiana.
___Na minha época de faculdade, uma matéria (e uma aluna da carteira do lado) acabou fazendo com que eu decorasse uma parte do “Poema em linha reta”, do Fernando Pessoa – brincando de Álvaro de Campos. Não sei de cor grande coisa, apenas alguns dos primeiros versos. É pouco, mas é o bastante para uma piada interna.
___Quando o tempo começa a esfriar, aquele frio que dificulta mais ainda o levantar da cama e quase impossibilita o entrar no chuveiro, recito frequentemente o comecinho da segunda estrofe:




“E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho”



___Só que, como bem choramingou Álvaro de Campos, ele não tem “par nisto tudo neste mundo.”. Não vou chegar em um poema (ou em uma postagem em prosa) e dizer que, no frio, eu corro do banho. Admito, vontade de não tomar banho eu tenho, mas as convenções sociais são mais fortes e eu ligo o chuveiro. Talvez sejam as convenções sociais, ou talvez eu não tenha é culhões para agir de outra forma.
___Se algum dia eu tiver um heterônimo, ele não vai se envergonhar de ficar sujo.

2 comentários:

  1. Ter um heterônimo sujo, bah... td bem, mas ter os culhões sujos, bah... tudo mal !!

    Banho, momento muito bom. No Frio?? momento muito mau.

    Obs.: nesse momento estou com os pés congelando.

    Abraços Ulisses...

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  2. Ulisses, eu diria que aqui no Nordeste é impossível cogitar a possibilidade de ficar sem banho. É tipo aqueles filmes de guerra: sempre que você tiver oportunidade de tomar banho, você toma banho!

    ^^

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