___Entro no vagão do metrô lendo, desatento ao que se passa à minha volta. Paro de ler e procuro um lugar. Encontro, no canto do vagão, ao lado de um rapaz magro, branquelo, cabelo raspado. Assim que me sento, em um movimento rápido, ele recolhe a mão para junto do corpo. Pelo visto, o rapaz estava rabiscando uma das paredes do vagão. Até aquele ponto, ele havia escrito “Não coma anima”.
___Depois de alguns segundos, peguei meu livro e voltei a ler. Encorajado pela minha falta de foco nele, o rapaz continuou a rabiscar a parede do vagão com uma chave. Acrescentou o “is” à palavra “animais” e se recostou, relaxado.
___Como sou um problemático maluco, falei:
___– Aproveite e escreva também: “Não deprede o transporte público.”.
___– Ah, vai tomar no seu cu! Todo mundo faz isso.
___– É... –, respondi. – E “todo mundo” come animais.
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P.S.: Antes que apareça por aqui algum ataque desmedido, recomendo a leitura da minha série “Muros, ironia e espaço público”: parte I, parte II e parte III.
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