28 de agosto de 2015

A liberdade da pobreza

___Sempre me impressiona como existe gente que vê as coisas de maneira tão diferente de mim. 
___Noutro dia, indiquei o doce SP Invisível para uma professora de Língua Portuguesa que trabalha comigo. Na semana seguinte, a professora, revoltada, veio bronquear comigo: “Que inutilidade aquele site que você me indicou! É só um monte de histórias sem pé nem cabeça de uns mendigos loucos. Tenho tanta coisa de literatura para ler, não vejo motivo para perder tempo com coisas assim.”. 
___Acho lindo o trabalho do SP Invisível dando voz a pessoas que costumam ser esquecidas pela sociedade e fiquei triste por ver uma professora falando assim. Triste, também, por saber que, trabalhando com literatura, ela desconhece o respeitado internacionalmente Quarto de despejo*, de Carolina Maria de Jesus. 
___Deixo para George Orwell o retruque: “As regiões pobres de Paris são um ponto-de-encontro de gente excêntrica, pessoas que caíram nas trilhas solitárias e meio-loucas da vida desistiram de tentar ser normais ou decentes. A pobreza liberta-as dos padrões habituais de comportamento, assim como o dinheiro liberta os homens do trabalho.”**.

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Postagens relacionadas:

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* Que, em alguma edições, tem como subtítulo “Diário de uma favelada”. 
** Primeiro capítulo do Na pior, em Paris e em Londres

20 de agosto de 2015

Abacateiro

Eu: Olha, uma árvore frutífera! Adoro encontrá-las pela rua
Amiga: No meu trabalho tem um abacateiro. 
Eu: Que legal. Em uma das escolas em que eu leciono, também tem um. 
Amiga: O abacateiro só atrapalha um pouco porque, na época em que os abacates caem, isolam a área para ninguém se machucar. 
Eu: Na escola em que eu leciono, na época em que os abacates caem, os abacates caem...