___Um dos problemas de dedicar várias salas de um museu para colocar obras de apenas um artista, é que são necessários muitos trabalhos para ocupar os espaços – e nem todo artista tem tantas obras tão boas assim. Alguns museus, no fim das contas, tem até de apelar para inúmeros rascunhos para ocupar os espaços. Uma das vantagens é que o público consegue conhecer uma boa parcela da obra do artista e pode até formular opiniões mais aprofundadas sobre seus trabalhos.
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___A Pinacoteca do Estado de São Paulo dedicou, até o final de fevereiro, um espaço bem grande para as obras de Antonio Henrique Amaral. Eu, que nunca havia ouvido falar do trabalho do moço, fiquei bastante satisfeito de conhecê-lo.
Consensus, 1967
___Cada sala da exposição marca uma época da carreira do artista, começando com o final da década de 1950 e indo mais ou menos até os dias de hoje. O interessante é que é possível perceber fortemente como o posicionamento político do autor era claro e duro nas primeiras obras (ou quando ele estava fora do Brasil)* e vai se tornando mais abstrato com o passar do tempo. Quanto mais abstrato, mais difícil de perceber a crítica – e mais seguro também.
Campo de batalha G2, 1976
___Boa parte das obras ataca duramente a Ditadura Militar. Outras, por segurança ou por falta de capacidade minha para interpretar, são tão abstratas que foi bem difícil tirar algo delas. Como, por exemplo, as obras da década de 1980.
Árvore, 1982
___Acredito que nas últimas obras, mesmo sendo bem mais abstratas, é até possível perceber uma crítica à sociedade contemporânea, a hábitos de consumo e coisas afins. Mesmo assim, parecem trabalhos bem mais leves que aqueles que atacavam o Regime Militar. De qualquer modo, vale bem passear pelas salas para comparar as obras.
Monitor, 1987
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P.S.: Aproveitando o assunto, no Memorial da Resistência (na Estação Pinacoteca) está acontecendo uma exposição com uma cronologia maravilhosa sobre os Os Advogados da Resistência, falando sobre a atuação dos advogados e da “Justiça” nos períodos ditatoriais.
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* De 1971 a 1981, Antonio Henrique Amaral morou em Nova Iorque.
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