28 de setembro de 2007

Cachorro velho desaprende truque antigo?

_____Eu só sei dançar com um par, só sei dança de salão. Danço sempre segurando uma dama. Não sei dançar sozinho. Sozinho, sou mais desengonçado do que um thunderbird se movimentando. Entretanto, existem pessoas com talento para dançar sozinhas (ou que treinaram bem duro para tanto). Um desses era o John Travolta na década de 70. Só que agora, depois de anos fazendo filmes estilo “machão”, ele resolveu dançar novamente no filme Hairspray. Olhem vocês mesmos* (mas, cuidado, o vídeo abaixo mostra o fim do filme, se não quiser ver, vá ao cinema para ver o Tony Manero John Travolta dançar).

_____Não estou criticando o filme. Nem o John Travolta. Mas, que ele já soube dançar melhor que isso, ele já soube.

P.S.: Para quem não reconheceu, o Travolta é esse (essa?) aí vestido(a) de mulher.

Edna Travolta

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* Ele (?) começa a dançar no vídeo por volta dos 6’30’’.

25 de setembro de 2007

Moucos

Rádio Marginal

_____Ouço muita música (o que não é nenhum absurdo para quem trabalha em uma academia de dança), contudo ouço as rádios paulistanas com uma freqüência pequena, bem pequena. Quando ligo o rádio, normalmente escuto a Rádio USP, que tem uma programação bem variada* (variada até demais, às vezes), a Brasil 2000 – FM 107,3, para poder ouvir um pouco de bandas independentes, e a Kiss FM, para ouvir clássicos. As outras rádios eu evito, pois é insuportável ouvir sempre as mesmas músicas em intervalos bem pequenos.

_____Dia desses, entretanto, fui cair na 89, rádio que eu escutava na minha adolescência. Fiquei abismado. A 89 nunca foi uma rádio ideal, mesmo se intitulando “rádio rock” ela sempre teve um pezinho no pop** e quase pecava tanto quanto as outras por repetir infinitamente as mesmas músicas. Só que dessa vez, o que ouvi foi bem pior. A 89 não só deixou de tocar rock, como apenas toca popzinhos da moda, repetidas vezes e ainda tem a cara de pau de escolher como novo slogan “Primeiro na 89”.

_____Entre as leis básicas da publicidade, a ética não está incluída com certeza (“Desde que não leve a um processo na cara, tá tudo bem!”). Se fosse necessário penhorar a mãe para um publicitário vender o próprio produto, pode apostar que ele faria. Uma rádio mudar sua programação para ficar igualzinha a outras rádios e ainda escolher como slogan “Primeiro aqui” é a mesma coisa que esfregar na cara dos ouvintes o quão imbecis eles são. Mas, os ouvintes não percebem, o público de rádio, normalmente, é ruminante mesmo e vai achar que lá encontra novidades. A maioria nem nota que escuta as mesmas músicas todos os dias.

_____Traço estas linhas para matar um pouco da minha raiva e para dar um conselho aos meus leitores: apesar de hoje, 25/IX, ser o dia do rádio aqui no Brasil***, também é o dia que Vasco Núñez de Balboa, aventureiro espanhol, descobriu, em 1513, o Oceano Pacífico. Portanto, façam como o descobridor e procurem conhecer algo novo ao ouvir uma rádio. Escutem rádios, aqui na internet, de outros países; é uma experiência bastante interessante. Ou escutem um pouco de música independente ou clássicos nas rádios de onde quer que vocês estejam. Para o público de Sampa eu dei, no primeiro parágrafo, três boas indicações, aproveitem.

P.S.: Para saber um pouco mais sobre o que aconteceu com a rádio 89, indico o artigo “89 FM, o fim da rádio rock”, de Valdir Antonelli, no Digestivo cultural.

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* Destaco, principalmente, os imperdíveis programas de samba.
** Talvez seja válido dizer que também gosto bastante de pop, mas sem exagero.
*** Dia do nascimento de Edgar Roquete Pinto, fundador da primeira emissora de rádio do Brasil.

24 de setembro de 2007

Recarga?

Cabines de "Recarga"
_____Usuário fiel que sou do metrô paulistano, ontem, novamente, encontrei problemas ao tentar recarregar meu cartão de viagens. Desde a instalação dos Postos de “Recarga” da Rede Pague Express já me deparei dezenas de vezes com “problemas no sistema” ou coisas do tipo. Sem contar o péssimo atendimento, os poucos funcionários, o microfone que não permite uma boa interação atendente-cliente, o horário dos Postos de “Recarga” que não atendem aos usuários das primeiras e das últimas horas de funcionamento do metrô, etc., etc..

_____Por favor, alguém pode me informar que licitação foi essa que escolheu a empresa mais incompetente para trabalhar com o transporte público paulistano?

Quanto custa?

Caro, muito caro...

_____O pior é que os incompetentes da Rede Pague Express, ao não funcionarem direito, perdem dinheiro... ai, ai... Quanta burrice.

22 de setembro de 2007

Costume de índio


_____Alguns povos indígenas da América, como, por exemplo, os Tupinambás, praticavam a antropofagia. Tal atividade não era feita, como vulgarmente se pensa, para a alimentação da tribo; o canibalismo era, na verdade, uma forma de adquirir as qualidades do adversário capturado. Um índio corajoso, rápido ou forte que fosse comido, daria essas características para aquele que o ingeriu. Aqueles que choravam, demonstravam covardia ou coisas do tipo, eram rejeitados.

_____Acreditar que comer seus inimigos vai fazer com que você adquira suas qualidades pode até parecer, para os nossos olhos, absurdo, entretanto acreditamos hoje em coisas muito mais absurdas. O uso irracional do automóvel, como é mormente utilizado na contemporaneidade, acreditando que ele vai dar segurança, rapidez ou qualquer outra qualidade que ele na verdade não possui é uma atitude bem mais boba do que se tornar um canibal.

_____Inúmeros crimes são praticados por causa dos automóveis, sem falar das guerras por causa do petróleo. Os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes não naturais no Brasil* e a poluição (lembrando que 70% da poluição de São Paulo é causada pelos veículos**) mata de 7 a 10 pessoas todos os dias (idosos e crianças, principalmente).

_____A taxa de ocupação dos automóveis em circulação é de 1,2 pessoas por veículo*** e o resultado são os absurdos congestionamentos das cidades. Olhando com atenção, é mais provável adquirir velocidade ingerindo um corredor fundista do que comprando um carro. Olhe alguns números de pessoas/hora transportadas em um metro de rua (por modo de transporte):

a) carro: 170;
b) bicicleta: 1500;
c) ônibus: 2700;
d) pedestres: 3600;
e) transportes sobre trilhos: 4000.****
_____Amanhã, sábado, dia 22 de setembro, será celebrado o “Dia mundial sem carro”. É uma ótima oportunidade para circular pela cidade em que você mora e pensar se o carro é realmente a melhor opção. Eu sou pedestre e usuário do transporte público há muito tempo e, graças às boas leituras, neste ano me tornei, também, ciclista. Só uso carro quando ele realmente é necessário, de maneira muito racional. Se hoje você acha absurda a idéia de se tornar um canibal, reflita se utilizar um carro no seu cotidiano também não é uma idéia absurda.

Dia mundial sem carro

P.S.: Amanhã de manhã, antes do trabalho, estarei participando das atividades na Praça do Ciclista para comemorar o “Dia mundial sem carro”. Quem é de Sampa está mais do que convidado.

P.P.S.: Os dados citados no artigo acima e outros dados também muito interessantes sobre os carros e seus efeitos podem ser encontrados na seção “Apocalipse em números”, do blog :. apocalispse motorizado.

P.P.P.S.: Quem se interessou pelos costumes dos índios canibais, aposto que vai se divertir bastante lendo os textos de Hans Staden.

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* Dentatran, 2003.
** Estado de São Paulo, 24/X/2004.
*** CET.
**** Worldwatch.

17 de setembro de 2007

Loteria da vida

_____O narrador do conto “A loteria em Babilônia”*, de Jorge Luis Borges, começa a narrativa dizendo que, “Como todos os homens de Babilônia, [ele foi]... procônsul; como todos, escravo” (p. 65)**. O que causou tal mobilidade social, uma mudança tão grande na vida do narrador e de todos em Babilônia foi o acaso. Só que o acaso no país está multiplicado muitas vezes, sua força é muito maior do que habitualmente. A instituição que aumenta exponencialmente a força do acaso é a loteria, organizada, no conto borgeano, pela Companhia.

_____A força da loteria em Babilônia foi aumentando aos poucos. Para atrair público, de simples prêmios com elementos pecuniários ela passou, também, a distribuir, para os menos afortunados, multas e, depois, castigos e, mais tarde, começou a regular os acontecimentos da vida de todos: as tarefas que teriam de fazer, em quem mandariam, quem obedeceriam, se seriam mutilados ou realizados nos seus mais íntimos desejos. Influía, realmente, na vida de todos, pois, com o aumento do poder da loteria, ela se tornou “secreta, gratuita e geral” e aboliu “a venda mercenária de sortes” (p. 68).

_____Publicado em 1941, início da II Guerra Mundial (1939-45), o conto “A loteria em Babilônia” pode ter simbolizado toda a incerteza do momento, as incertezas dos anos que se seguiram desde o fim da I Guerra Mundial (1914-18), um mundo que viu países desaparecerem, regimes atípicos surgirem, costumes mudarem, crises econômicas que alteraram drasticamente a vida muitos por quase todo o planeta. Mudanças rápidas atingiram em alguns anos muitas sociedades, alterando, às vezes, a vida de ricos e pobres, parecendo, se vistas com olhos ingênuos, mera obra do acaso.

_____Uma das principais características da loteria babilônica é a ilusão de igualdade. Qualquer um pode ter sua vida extremamente modificada da noite para o dia. “Num aposento de bronze, diante do lenço silencioso do estrangulador, a esperança me foi fiel; no rio dos deleites, o pânico.” (p. 65). O problema é que não há escapatória, não há escolha. O mundo, durante o Período entre Guerras (1918-39), experimentou sensações bem parecidas: esperança no desalento; receio na bonança.

_____No fim do conto o narrador explica que os costumes do seu povo estão saturados de acaso – “eu próprio, nesta apressada exposição, falseei certo esplendor, certa atrocidade” (p. 71) – e mostra que talvez a reguladora da loteria, a Companhia, talvez nunca tenha existido e que o acaso seja mesmo mero acaso... Tudo o que estava acontecendo no mundo entre as duas Guerras Mundiais, poderia não ser nada, só uma situação mal interpretada, simples acaso, impressão de olhos ingênuos... ou não.

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_____Publiquei este ensaio pois o professor Idelber Avelar está dirigindo um curso de pós-graduação, sobre Borges, em Tulane e convidou quem quisesse participar virtualmente das discussões a publicar nesta segunda-feira uma reflexão sobre o conto “A loteria em Babilônia” (indicação do Alex). Espero que este trabalho tenha sido válido.

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* Recomendo, fortemente, a leitura do conto antes de se travar contato com este ensaio. Todo o livro Ficções pode ser adquirido, gratuitamente, neste link (em espanhol) ou comprado neste (em português).

** A edição do conto utilizada neste ensaio faz parte do livro Ficções (Jorge Luis Borges), da Editora Globo (São Paulo, 1999). As páginas das citações se referem a essa edição, que tem seu texto traduzido por Carlos Nejar.

16 de setembro de 2007

Viagens musicais

_____O Alexandre Inagaki, do Pensar enlouquece, subverteu um meme sobre cinco músicas para ouvir viajando turisticamente, para um meme sobre músicas para viajar maionesicamente (palavras do Inagaki, não briguem comigo), mais precisamente “trilhas sonoras para fechar os olhos e se deixar levar pelo poder hipnótico que boas composições e arranjos possuem”. Como ele deixou a brincadeira em aberto para quem tivesse vontade de participar, resolvi subverter a subversão do Inagaki e aproveitar meus conhecimentos como dançarino de dança de salão para enumerar cinco músicas que me fazem viajar enquanto danço.

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1) Jackie Wilson – “Lonely Teardrops

_____O meu ritmo preferido para se dançar (e, também, para escutar sem dançar) é o swing. Lonely Teardrops” é forte, bem marcada e com ótimas paradas da música para que os dançarinos possam trabalhar com poses. Uma viagem certa. (Ainda deixo como extra a gafe do apresentador cumprimentando o Jackie Wilson no início do clip e todo o jeito estranho do cantor);

2) Smash Mouth – “I’m a Believer

_____I’m a believer” é a mais passional das minhas cinco escolhas, pois não só é um swing (ritmo que eu já disse que adoro), como, também, é a música minha e da minha namorada como casal. Não há como eu dançá-la sem ficar viajando e pensando nela. (Sem contar que ainda fez parte da trilha sonora do ótimo Shrek);

3) Tribalistas – “Velha infância

_____Bolero é a música lenta por excelência. São aquelas músicas lentinhas, românticas em que o objetivo principal ao dançar é, de longe, dançar bem juntinho. Facílimo de se viajar. Entre os boleros, um dos que mais me faz viajar enquanto danço é, sem dúvida, a “Velha infância”, dos Tribalistas;

4) Max Gonzaga – “Marginal

_____São maravilhosas para se viajar músicas andróginas como “Marginal” em que os dançarinos podem escolher, em diversos momentos da música, entre dançar samba de gafieira ou um bolero. A mistura de duas danças tão diversas faz com que qualquer cavalheiro consiga fazer sua dama viajar, completamente perdida. (De todas as músicas que selecionei, “Marginal” é a única que eu não consegui um vídeo do You Tube, entretanto, fica disponibilizado aqui o arquivo da música em mp3 – diga-se de passagem, todo o ótimo disco do Max Gonzaga está disponível em mp3 no site dele, aproveitem);

5) Chico Buarque e Ney Matogrosso – “Até o fim

_____O Chico Buarque é autor de diversos sambas maravilhosos. Dançar samba de gafieira com uma música divertida e inteligente como “Até o fim” é caminho certo para qualquer viagem.

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_____Como é de praxe em um meme, escolho para, se quiserem, continuarem a brincadeira a Liliana e a Lulu, pois adoro quando elas respondem esse tipo de brincadeira, minha nova amiga Dai, o James, pois o gosto musical dele é fantástico e, por fim, o Cardoso, para dar um apoio à nova empreitada dele (um blog só de memes).

13 de setembro de 2007

Monstros

_____Adolf Hitler, Mobutu Sese Seko, Chiang Kai-Shek, Josef Mengele, Saddam Hussein, Josef Stalin, Antônio Carlos Magalhães, Biff Tannen, Pedro Alonso Lopez, Jack, o Estripador, Emílio Garrastazu Médici, Charles Manson, bispo Edir Macedo, Augusto Pinochet, Mao Tsé-Tung, Fulgêncio Batista, Francisco Franco, Slobodan Milosevic, Fidel Castro, Antônio de Oliveira Salazar, Nicolae Ceausescu, Gilles de Rais, Maria, a Sanguinária, George Walker Bush e outros monstros que a humanidade produziu estão todos, todos no mesmo patamar que o maldito infeliz que inventou as notas de fim nos livros.

_____As notas de rodapé são mais práticas e não atrapalham a leitura. Por Clio, como é irritante ter que ficar procurando as notas no fim de um livro durante alguma leitura interessante.

11 de setembro de 2007

Falta de imaginação

_____Já ouviu falar do “Blog action day”? Teoricamente é um dia (15 de outubro) em que blogueiros de todo o mundo irão publicar uma postagem sobre um tema em comum previamente escolhido. O tema escolhido é meio ambiente.

_____Tudo bem, o tema é importante; é sempre bom lembrarmos certos assuntos; quanto mais repercussão o assunto meio ambiente tiver, melhor. É um tema válido, entretanto não é nenhum tema novo. Não estou dizendo que não vou participar (também não estou dizendo que vou), mas que o tema está parecendo redação de professora de 6ª série que não preparou a aula, isso está.

P.S.: Quem se cadastrar no site irá receber, em agosto de 2008, o tema do ano que vem. Espero que tenham mais imaginação.

10 de setembro de 2007

O jejuador

_____Acho que nunca contei aqui, portanto serve como introdução: meu pai é médico. Mais precisamente, meu pai é pediatra. Só as mães histéricas que aparecem no consultório pedindo para meu pai salvar os filhos delas ou com presentes porque ele já salvou já dariam um belo blog de crônicas humorísticas. Provavelmente um blog diário. Hoje apareci para relatar uma conversa inusitada que tive no final de semana com uma paciente do meu pai que ligou aqui em casa.

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House

_____O telefone toca e eu vou atender:
_____– Alô.
_____– Alô. Eu gostaria de falar com o Dr. W.. – fala uma voz esganiçada do outro lado da linha.
_____– Perdoe-me, mas ele não está. – respondo.
_____– Mas, eu preciso falar com ele urgentemente.
_____– Quer que eu anote o recado?
_____– Eu preciso falar com ele agora! Meu filho tem um problema. É muito importante. – a voz esganiçada do outro lado da linha começa a ficar histérica.
_____– Desculpe-me, mas ele não está. Se é urgente, leve a criança ao pronto-socorro. O que aconteceu?
_____– Sabe o que é – fala a voz esganiçada de maneira mais calma quando eu pareci dar atenção –, faz três semanas que meu filho não come nada.
_____– Três semanas?!?
_____– É.
_____– Faz três semanas que ele não come nada?
_____– É...
_____Nada?!?
_____– É! – responde a mãe da criança, impaciente com minhas perguntas repetitivas.
_____– Quantos anos seu filho tem?
_____Alguns segundos de silêncio precedem a resposta.
_____– ... 13.
_____– Ele está no Brasil?
_____Um silêncio mais duradouro do outro lado da linha, até que ela responde:
_____– ... Claro...!
_____Tentando segurar o riso, pergunto, realmente curioso:
_____– Se faz três semanas que ele come nada, por que a senhora não ligou antes?
_____– Eu liguei agora. – responde a moça, parecendo um pouco confusa.
_____– Mas, como ele sobreviveu por três semanas sem comer nada? – eu realmente estava enfatizando cada vez que eu falava a palavra “nada”.
_____– Olha, eu preciso falar com o Dr. W.. Vai chamá-lo agora, homem! – responde a voz do outro lado da linha, já nervosa.
_____– Falei sério, mulher, meu pai não está! – neste momento eu também comecei a perder a paciência.
_____– Olha aqui, seu idiota, quero falar com ele agora. – gritou a mulher do outro lado.
_____Perdendo a paciência, respondo no mesmo tom:
_____– Minha senhora, se ele sobreviveu por três semanas sem comer nada, aposto que ele agüenta até o meu pai chegar!
_____Ela desligou. Foi uma pena... mais um pouco e eu indicava um livrinho do Kafka para ela.


9 de setembro de 2007

Shining

_____Ontem, depois que eu citei o filme The Shining (O Iluminado), de Stanley Kubrick, acabei me lembrando de uma paródia divertidíssima que fizeram como trailer do filme. Se você ainda não assistiu ao filme, primeiro assista e depois volte aqui e veja o vídeo abaixo (em inglês). Você vai se divertir com as duas experiências, pode apostar.


P.S.: Se gostou do recut de cima, não deixe de conhecer o trailer da Assustadora Mary Poppins.

P.P.S.: Já assistiu O Iluminado e o filme 300 (de Zack Snyder)? Então leia, também, esta postagem que fiz em abril deste ano, vai valer umas risadas a mais.

8 de setembro de 2007

O livro é melhor

_____Muitos livros que fazem grande sucesso acabam virando filmes e, invariavelmente, as pessoas que leram o livro afirmam ao sair do cinema: “O livro é melhor que o filme” – e completam – “como sempre!”. Muitas vezes respondo que no caso pode até ser, mas que quem afirma que os livros são sempre melhores que os filmes ou viu poucos filmes ou, o que é mais provável, leu poucos livros. Existem muitos livros melhores que filmes, assim como muitos filmes são bem melhores que alguns livros. Só para citar um exemplo, o filme The Shining (O iluminado), de Stanley Kubrick, é mil vezes melhor que o livro homônimo, de Stephen King. Com um formato bem diverso, por sua vez, as peças de teatro não sofrem, normalmente, com o mesmo problema que o cinema.

_____Semana passada fui ao Teatro Popular do SESI (Centro Cultural FIESP), para assistir a peça Educação Sentimental do Vampiro, baseada em contos de Dalton Trevisan. Sinceramente, foram duas horas muito longas e eu saí da peça afirmando com todas as letras: os contos são melhores. Só que para isso, são necessários alguns critérios.

Educação Sentimental do Vampiro

_____A maior parte dos contos foi montada em cima de chavões bobos. Tudo que se podia era feito para deixar claro que o clima era underground; só que clima underground montado em cima de lugares-comuns não é nada underground. Um monte de clichês para montar alguns contos de um escritor tão atípico como Dalton Trevisan é praticamente um desrespeito.

_____Os contos eram quase que todos narrados com o insuportável tom monocórdio “isto é uma tragédia”, não importa quantos atores estivessem narrando. Pareciam garotos de quinta série querendo contar uma história de terror ou um professor de literatura sem imaginação lendo um poema de Augusto dos Anjos. Sem contar que a distribuição dos atores no palco desviava a atenção do ótimo texto que estava sendo recitado.

_____Muitos livros têm características que filmes não podem ter e as peças de teatro, por seu lado, podem ter outras vantagens. Cada caso deve ser visto com esmero e, quanto maior a cultura adquirida, maior a possibilidade de se julgar de maneira válida. No caso da peça Educação Sentimental do Vampiro eu aconselho o público a ficar em casa lendo o Dalton que vale mais a pena. Mas, também, não sou o dono da verdade. O melhor mesmo é conhecer para poder criticar. Portanto, faça assim: leia, agora, o conto “Uma vela para Dario” e vá assistir à peça nos dias gratuitos (quartas, quintas e domingos). O conto “Uma vela para Dário” é o primeiro do espetáculo; quando o conto acabar e você perceber que eu tenho razão, levante e vá embora.*

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* Se for mesmo levantar e sair logo no começo, seja educado e sente no fundo para não atrapalhar os pobres infelizes que ficarão sendo torturados vendo as próximas duas horas de peça.

6 de setembro de 2007

Uma impressionante monetização

_____Como eu adoro campanhas inteligentes e bem humoradas, resolvi monetizar meu blog também. Espero que gostem:
Train dans la neige

_____Dedico minha monetização aos “sérios” blogueiros Noronha e Cardoso.

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Imagem: Claude Monet, Train dans la neige, 1875.

4 de setembro de 2007

Blogueiro influente

_____Meus leitores mais antigos sabem que sou um blogueiro muito influente. Com os textos deste blog eu já consegui que pintassem faixas de pedestre em uma rua e melhorei as passagens com desconto do metrô. Agora eu descobri que influencio, inclusive, as propagandas dos filmes.

_____É sério. Na semana passada eu tirei sarro de uma propaganda do filme O ultimato Bourne (se não viu a postagem, clique aqui e leia ou a brincadeira não vai ter tanta graça); para ser mais exato, critiquei as duas citações “elogiosas” que tinham feito sobre o filme. Sabem o que aconteceu? Olhem vocês mesmos:

O ultimato Bourne - correção

_____Viram? Mudaram as citações que eu critiquei. A pena é que mantiveram as reticências, algo que pode tirar um pouco da credibilidade do elogio.

_____Aguardem... logo, logo eu fico mais influente e derrubo um ministro. ;-)


P.S.: Sou tão influente que um dos blogueiros mais importantes do Brasil, depois que descobriu que eu sou dançarino, resolveu dar uns passinhos também, vê se pode.

P.P.S.: Quem olhar o vídeo acima (que eu citei no post-scriptum anterior) com atenção vai conseguir me ver ao fundo, de azul.

2 de setembro de 2007

Anões nos ombros de gigantes

“Quem a uma arte severa aspira
E a grandes causas aplica o espírito
Vida simples e frugal deve levar.
Alto paço de frente altiva despreze;
Nem, vil cliente, cobice lautas ceias;
Na devassidão, não ofusque
Com o vinho o vigor da mente;
Nem dê o seu aplauso interessado
Às tolas momices de histriões.” (Petrônio, Satiricon. Tradução de Miguel Ruas, grifos meus.)

_____Estava lendo o interessantíssimo e atípico Satiricon, de Petrônio, autor romano do século I d.C., e encontrei a estrofe que coloquei acima.
_____É maravilhoso encontrar na sabedoria clássica eco para um modo de vida possível fora dos padrões do capitalismo vigente no mundo.