29 de dezembro de 2010

Unhas e sofrimento

___Nunca fui de prestar muita atenção às unhas das mulheres. Por isso mesmo, sempre gostei de esmaltes escuros (como vermelho) ou com cores que fogem do padrão do corpo (como verde e azul-claro), pois assim eu percebia a pintura.
___Quando comecei a dançar, minha falta de atenção começou a mudar. O clássico gesto de tirar as moças para dançar – estendendo uma mão, para que a dama coloque a dela por cima, caso aceite – fez com que eu dirigisse meus olhos para as mãos que eram colocadas sobre as minhas. Consequentemente, acabei por reparar e gostar cada vez mais de unhas.


Tirando para dançar


___De tanto reparar, passei a elogiar os esmaltes que me agradavam. Nisso, acabei percebendo um padrão estranho. 90% das vezes que eu elogiei algum esmalte, a moça, ao invés de aceitar o elogio, agradecer ou coisa que o valha, a moça se encolhia e dizia algo como “Já está velho, descascando. Não olhe muito...”.
___Só mesmo quando elogiava pouco depois da manicure – “Você reparou? Pintei hoje. Que bom que você gostou.” – é que eu via reações positivas. De resto, as próprias donas das mãos depreciavam as unhas que ostentavam.
___Por que dessas reações negativas? Será algum tipo de auto-depreciação em busca de mais elogios? Será a modéstia que a sociedade considera de bom tom demonstrar? Produto de milênios de submissão? Ou é o caso de uma mentalidade consumista que só considera o excessivamente novo, comprado/feito hoje, realmente digno de elogio? Sinceramente, não sei. Só sei que o uso do esmalte, que deveria ser algo para deixar as mulheres que escolheram usar mais animadas, parece deixá-las incomodadas na maior parte do tempo.
___Se não é para ser feliz com as unhas pintadas, se elas vão incomodar você depois de um, dois dias, não pinte. Unhas não pintadas são bonitas. Gostar de si própria, também.


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P.S.: Fiquei um bom tempo com esta postagem na gaveta. Agora, como o meu amigo Alex Castro publicou um interessante texto sobre “Unhas de Mulher”, eu aproveitei para publicar o meu, mostrando outro ponto.
P.P.S.: Já que eu tirei o texto da gaveta por conta do Alex, vale fazer uma propagandazinha para o moço: ontem chegou à minha casa os exemplares da segunda edição do livro LLL – Crônicas, que eu comprei para presentear algumas pessoas queridas. Essa nova edição é de bolso e está uma graça. Para quem ainda quiser presentear alguém, fica a recomendação.

27 de dezembro de 2010

Funcionários dedicados

___Precisando de um livro para uma pesquisa, empreendi o roteiro básico. Comecei procurando pelo PDF na internet. Como não encontrei, fui atrás das bibliotecas que eu frequento. Como o resultado também foi negativo, suspirei, conferi se aquele símbolo negativo havia desaparecido da minha conta bancária e recorri às livrarias. Para o meu desespero, descobri que o livro estava esgotado.
___Apelando para os sebos, acabei descobrindo o nome da editora do livro. Escrevi para lá e consegui descobrir que eles tinham exemplares em estoque (só não descobri como esses exemplares não chegavam às livrarias). Como a editora ficava aqui em Sampa, pensei em ir lá para comprar.
___Antes de sair de casa, liguei:
___– Alô?
___– Alô. Bom dia. É da Editora X?
___– É, sim. Pode falar.
___– Por favor, eu gostaria de saber se é possível comprar livros avulsos aí na sede da editora.
___– Claro. Fique à vontade.
___– Que bom! Até que hora vocês ficam abertos?
___– Até as 18h, mas... Olha: chega antes porque o chefe nunca está aqui nesse horário e nós vamos embora mais cedo.
___Pelo menos foram sinceros.


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Nota: Não pensem que se trata de um caso de empresa em ritmo de fim de ano. Isso realmente aconteceu comigo há alguns meses; o texto é que ficou na gaveta até agora.

25 de dezembro de 2010

Sebastianismo: à espera de um milagre

___Portugal foi uma das maiores potências européias nos séculos XV e  XVI. Rico, dominador dos mares, dono de terras na América, entrepostos comerciais na Ásia. Não se questionava a força do Império Lusitano. Por conta dos revezes da Fortuna, a dinastia de Avis, quando acabou, levou todos aqueles tempos gloriosos consigo.

Retrato de Dom Sebastião, o Encoberto

___Aconteceu o seguinte: o jovem rei Dom Sebastião I, o Desejado, antes de se casar, foi à África, batalhar contra os muçulmanos. Infelizmente (para ele e para os lusitanos), na Batalha de Alcácer-Quibir (ou Batalha dos Três Reis), as tropas portuguesas apanharam mais do que massa de pão. A sova foi tão grande que o rei morreu em batalha. Vale citar, morreu sem deixar herdeiros.

Batalha de Alcácer-Quibir ou Batalha dos Três Reis

___Quem assumiu o trono, no mesmo ano de 1578, foi o Cardeal Dom Henrique, tio-avô do morto. Henrique I, já velho, morreu dois anos depois, levando Portugal a uma grave crise de sucessão. Tanto que quem acabou por ficar com o trono português, no fim das contas, foi Felipe II, rei da Espanha – dando início à conhecida União Ibérica (1580-1640). Isso rendeu, inclusive, uma divertida quadra popular que diz



“Que o cardeal-rei Dom Henrique
fique no Inferno muitos anos,
por ter deixado em testamento
Portugal, aos castelhanos.”.


___Depois de ter passado pelas mãos da Espanha, Portugal nunca mais voltou à sua glória anterior. Não foi à toa que por lá cresceu o sebastianismo.
___A sova que os portugueses tomaram na Batalha dos Três Reis foi tão grande que, como eu já disse, o próprio rei, por lá, foi morto. Mais do que isso, a zona era tanta que não tiveram mais certeza do corpo do rei após o conflito. Isso tudo, mais a pindura em que Portugal caiu após a morte de Dom Sebastião, fez com que surgisse o sebastianismo, a crença de que o rei não estava morto, mas, sim, apenas desaparecido. Mais do que isso, a fé de que, um dia, Dom Sebastião voltaria e, quando isso acontecesse, Portugal voltaria à sua maravilhosa época de bonança.

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___Ensinar isso em sala de aula é uma diversão ilimitada. Existem mil lendas para se contar, histórias de batalhas, conflitos políticos. É um assunto que atrai atenção com facilidade.
___Nos últimos anos, tenho conseguido uma diversão extra com o tema, exatamente quando vou falar sobre a existência do sebastianismo. A brincadeira funciona mais ou menos assim:
___Explico o que é sebastianismo, leio poemas sobre o assunto. Falo sobre o crescimento da crença. Relato os casos de pessoas que diziam ter visto o Desejado, sobre os corpos que afirmavam ser de Dom Sebastião e dos caras que se diziam o próprio rei. Nisso alguns alunos já riem ou fazem pequenos comentários sobre pessoas que acreditam em qualquer coisa.
___Vou em um crescente. Falo que décadas se passaram e que a crença se mantinha. Os alunos riem. Conto que, mesmo depois da época em que não seria mais viável que Dom Sebastião estivesse vivo, ainda existiam muitos a propagar a crença de que o rei voltaria. Nisso já começo a ouvir, em meio a risadas, comentários do tipo “Isso tinha que ser coisa de português.”, “Só português mesmo para acreditar, depois de tanto tempo, que o rei morto pode voltar.”.
___Mudo de continente. Começo a contar que, mesmo com Dom Sebastião tendo “desaparecido” em 1578, aqui no Brasil, durante o século XIX, mais de um movimento messiânico-sebastianista surgiu. Como um pregador empolgado, falo mexendo as mãos para chamar o máximo de atenção, “Imaginem a bizarrice das pessoas seguindo um doido que fala que um rei, que morreu, que ‘desapareceu’ no século XVI, lá no norte da África, vai reaparecer, aqui no Brasil, no século XIX! O que essa gente fumava?”. Os alunos gargalham, a classe vai ao delírio.
___Aproveitando esse apogeu da animação dos alunos com o assunto, paro, sento na mesa, faço uma cara sarcástica e, elevando um pouco o tom de voz, digo: “Imaginem, então, que tem gente que acredita que um cara que morreu crucificado pode, três dias depois, ressuscitar. Mais do que isso imaginem que essa crucificação aconteceu no século I da Era Cristã e, hoje, em pleno século XXI, tem gente que ainda acredita em um disparate desses.”. As risadas vão desaparecendo. Alguns alunos ficam de olhos arregalados, outros sorriem e alguns olham com rancor. Na classe reina um silêncio sepulcral.

Jesus Cristo crucificado

___Aproveitando a quietude, baixo o tom de voz, “Vocês acreditam que existem pessoas que creem que um cara conhecido como Jesus Cristo morreu crucificado e, mesmo assim, conseguiu ressuscitar três dias depois? Acreditam que esse tal Jesus Cristo morreu no século I da Era Cristã e, hoje, em pleno século XXI, existem pessoas que acreditam que ele voltará? É verdade, gente! O nome dessa crença é Cristianismo.”.
___Sem um só ruído na sala além da minha voz, concluo:
___– Contem para mim, queridos: vocês ainda acham o Sebastianismo, a crença de que um rei que morreu no século XVI vai retornar para salvar Portugal, tão absurdo assim? Vocês nunca pensaram que absurdo pode ser o que vocês e os seus conhecidos acreditam?
___Ser professor é fantástico, não?

21 de dezembro de 2010

Conhecendo as Lendas

___Mesmo empreendendo exaustivas pesquisas, mesmo admirando certas personagens históricas, um historiador normalmente não pode se aproximar dessas figuras. Não estou falando de historiadores buscando isenção em meio a uma pesquisa biográfica, estou falando de não poder se aproximar por pura impossibilidade material de alguém do século XXI d.C. chegar perto de, digamos, Sócrates, que viveu no século V a.C.. Ainda que o pesquisador conheça muito da vida do filósofo, mesmo que tenha certeza sobre suas intimidades e a sua cara feia, a aproximação é sempre parcial. O contato real, pessoal, nesse caso, é impossível.
___Imaginem então um contato bem direto: tocar Sócrates, conversar com ele, sentir seu cheiro. Quem sabe até passar uma receita de cicuta com uma rodela de limão. Impossível, certo?
___Pois bem, podem me criticar à vontade. Podem dizer que sou metido, que danço mal, que maltratam prisioneiros em Guantánamo com a comida que eu cozinho. Mas, ninguém pode questionar meu talento como historiador. Não estou falando do fato de que consigo entreter os alunos, deixá-los interessados e que, nas minhas aulas de História, todo mundo aprende. Não vim aqui para falar de aulas, mas, sim, de contato com personagens históricas. Digo: como historiador, ontem, tive mais contato com duas importantes figuras históricas do que muito pesquisador veterano.
___Eu conversei com Sócrates, andei ao seu lado, ele me fez perguntas, flertou comigo e até sentou no meu colo.
___Sim, mas não foi só ele. Eu disse duas importantes figuras históricas. A outra, é uma figura histórica contemporânea, que qualquer historiador ainda pode entrar em contato. Uma lenda viva, um dos mais importantes nomes do teatro nacional: José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso.
___Sabem o que o Zé Celso fez? Conversou comigo, andou ao meu lado, me fez perguntas, flertou comigo e até sentou no meu colo. Ontem, no Teatro Oficina, assistindo ao Banquete, tive o privilégio não só de ver uma ótima peça, como, também, de conviver, por algumas horas, com duas importantes figuras históricas – Sócrates e Zé Celso – no corpo de um homem só.


Zé Celso/Sócrates

17 de dezembro de 2010

Resultados impossíveis

___Convidei os alunos para verem uma exposição comigo, na Pinacoteca, sem valer nota, sem obrigação, no domingo de manhã. Amanheceu um domingo frio, bem frio. Na volta, minha cunhada, também professora, disse, “Não foi ninguém, né?”. Feliz, respondi, “Foram mais de 20 alunos.”.
___Montei um curso fora da grade normal da escola para analisar historicamente o Decameron, do Boccaccio. Toda semana era necessária a leitura de pelo menos um conto. Minha mãe disse, “Isso vai dar trabalho para os alunos, não vão nem cinco.”. Até o fim do curso, tive uma média de 30 alunos por aula.
___Montei um curso extra sobre Mitologia Nórdica. O diretor do colégio disse, “Devem aparecer uns 30.”. Tiveram dias com mais de duzentas pessoas.
___Juro que não entendo o que essas pessoas do mundo falam sobre alunos desinteressados.


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___Lecionei para vestibulandos. Curso de sábado, eu dava a última aula. Eles passavam o dia todo tendo aula, desde as 7h da matina e eu só chegava depois das 17h. Ninguém mais devia aguentar ficar na carteira. Sabem o que acontecia? Quando eu entrava, alguns aplaudiam, muitos sorriam. Ouvia coisas como, “Agora é o Ulisses. Esperei o dia todo por isso.” ou “Ainda bem que é o Ulisses. É pro dia fechar bem.”.
___Não vou mentir e dizer que 100% dos alunos 100% do tempo estão interessados. Mas, o número não fica muito longe disso na maior parte das vezes. Não sei como os outros professores conseguem viver sem isso. Parece que todo mundo acha que os alunos são sempre pessoas desinteressadas e que é impossível isso mudar.
___Não pensem que todas as aulas que eu dou são boas, que todos os assuntos ensinados são divertidos. Porém, em todas eu tento fazer com que o assunto seja claro e interessante, procuro exemplos divertidos e curiosidades históricas, atividades diferentes e recursos atípicos, bibliografia estranha e a clássica. E, digo: dá um trabalho do cão. Quando falha, fico puto, mas levanto, tento descobrir o que falhou e melhoro a próxima.
___Alunos interessados e empolgados por alguma matéria, com algum conteúdo, não é só coisa de filme. Só é necessário se esforçar de verdade. Com sorte, talvez até alguns subam nas carteiras recitando partes de um poema de Whitman.


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P.S.: Antes que alguém venha atacar algum professor do mundo, nunca se esqueçam: mesmo as melhores aulas poderiam ser ainda mais primorosas com boas condições – materiais de qualidade, poucos alunos por sala (nunca mais que 25), bons salários, etc..
P.P.S.: Para os mais céticos, saibam que os exemplos que eu citei não são um apanhado dos melhores da minha vida, são apenas bons exemplos deste ano. Duvidam? Perguntem para os meus alunos.

15 de dezembro de 2010

Conselho para atores

___Se alguém, hoje, vier me perguntar o que eu acho que um ator deve aprender antes de subir em um palco, eu citaria um trechinho dO filho eterno, do Cristovão Tezza.




Lembra do exercício de Stanislavski dos seus tempo de comunidade, a cena realista e a cena falsa: a atriz procura o alfinete que perdeu, em gritos canastrônicos; Bem, diz o diretor, se você não encontrar mesmo o alfinete, será despedida. E ela passa a procurá-lo num silêncio tenso, centímetro a centímetro, a dramaticidade contida mas verdadeira, para a felicidade de todos” (p.173).



___Quanto ao resto, que quebre a perna.

13 de dezembro de 2010

Incautos Clássicos

___Faz um tempo, cogitei deixar na barra lateral direita uma seleção de alguns bons textos do Incautos. Desde então, tive dois problemas, um de espaço e outro de competência.
___O de espaço é que as barras laterais da direita foram ganhando cada dia mais itens. O que foi acrescentado (o banner do Submarino e os feeds do O Pensador Selvagem) não é precisamente meu, mas é importante para o blog. O portal que abriga o blog (e me manda uma latinha de caviar todo mês) precisa de publicidade e grana para sobreviver e, portanto, justificadas estão as propagandas. Só que elas ocupam espaço e, portanto, a barra lateral, superlotada, não me parece ter espaço para algo extra.
___O problema da competência, é a minha completa incapacidade de escolher o que colocar como clássico da casa. Como uma criança em carrinho de doces (ou em buffet de salada, caso alguém não goste do blog), eu não sei o que escolher. Mas, de orelha puxada por alguns leitores (publicamente pelo João O.), acabei me vendo obrigado a respirar fundo e terminar a seleção.
___Portanto, mesmo sem colocá-la por agora na barra lateral, mesmo sendo uma lista da qual eu não tenho bem certeza se escolhi os textos certos, ficam, abaixo, alguns textos mais famosos ou apreciados do blog.


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- “A história se repete”. Com um dos poucos poemas que eu publiquei aqui no blog.
- “Literatura, bengalas e espadas” e “A proximidade dos infiéis aumenta a santidade de Compostela”. Algumas das minhas brincadeiras  interessantes de historiador. Se eu quisesse sentar para pesquisar, poderiam virar uns ensaios interessantes, mas, como tenho feito outras pesquisas, deixo essas amostras grátis.
- “Ex-sonhadores”. Indicado pela leitora RoCosta, é um texto que chorei enquanto escrevia e que chorei, mais de uma vez, relendo.
- “Diferentes perspectivas”. Normalmente, as crônicas que eu escrevo sobre o que aconteceu comigo durante o meu cotidiano são cheias de passarinhos*. Essa, entretanto, é 100% verdadeira e, melhor de tudo, ficou bem divertida.
- Entre as análises literárias que faço, selecionei o ensaio “Como se fosse...” – comentando o conto “Mariana” (1871), de Machado de Assis, – e a postagem recente “Elvis, Madona & Machado de Assis” –, associando o conto machadiano “As Academias de Sião” com o novo livro do Biajoni.
- A categoria que recebeu mais críticas na história deste blog é a “Sem carro por escolha”. Nela trato dos absurdos da nossa sociedade carrocrata, que dá mais valor aos automóveis do que à vida humana. Queria indicar muitos artigos dela, mas resolvi que três que ilustram bem o meu ponto de vista sobre o assunto já são o bastante: “190 km/h é crime. 60 km/h também deveria ser.”, “‘Acidente’” e “Dê passagem ao rei”.
- “Quase um lorde”. Um dos poucos contos de ficção pura e simples que eu publiquei por aqui.
- “NoCu da professora”. Pode não ser, nem de longe, o melhor texto que eu escrevi, mas, sem sombra de dúvida, é um texto necessário para qualquer um que tenha um mínimo interesse que seja em Educação.
- Selecionei dois textos sobre política nacional: o primeiro (indicado pelo leitor João Ota) desmentindo um desses e-mails-spams que bóiam por aí; o segundo, um mais recente, sobre as mentiras do PSDB sobre a Educação. Não sei se são textos tão bons assim, sei que são datados, mas achei que valia à pena um parzinho dos textos sobre política que costumo publicar aqui.
- “Think different”. Não só é uma postagem com uma das minhas traduções de tiras, como eu ainda trabalho com ideias diferentes que me agradam bastante.
- “Petit gâteau fast food”. Não entendo nada de cozinha, mas essa minha receita é bem válida.
- “Como foi feito o Eclipse do Yahoo!”. Depois de muita pesquisa, expliquei nesse texto como o Yahoo! conseguiu fazer um eclipse.
- “Minhas camisetas do Che”. Dicas para quem quer me dar um presente.
- “Boa sorte para dançarinos”. Dançarino que sou, achei que valia a pena ensinar às pessoas como desejar boa sorte para quem trabalha com dança.
- “Top 10: Asterix e as melhores porradas que os gauleses já deram nos romanos”. Creio que esse é o único Top 10 que eu fiz desde que fundei o blog. Saiu bem interessante, principalmente para quem gosta de quadrinhos.
- “Mitologias”. Essencial para quem pretende pensar religião, não simplesmente acreditar. Os comentários são uma diversão à parte.
- “Não vamos confundir nossas crianças: manifesto contra quem quer tornar o mundo um lugar pior”. O texto em si já é interessante, mas, também, fica melhor ainda com os comentários.
- “Meu precioso…”. Alguns dos meus pontos de vista sobre uma discussão eterna: o Amor.
- “O Auto da Barca da Censura”. Uma pequena paródia do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Provavelmente é um texto um pouco datado, mas eu gostei do resultado.
- Por fim, o texto mais famoso do blog (indicado pelos leitores Melissa e João Ota), “O pai dos argumentos estúpidos”.


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___Espero que apreciem a seleção. Mais um pouco, lanço um livro. ;-)


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* Para quem não sabe o que é um passarinho em um texto, recomendo essa crônica do Mario Prata e essa da Carol Costa.

8 de dezembro de 2010

O Processo

___Há pouco mais de um ano vi, na porta de uma sala de aula, um pequeno aviso: “Excepcionalmente hoje, a aula das 19h não será ministrada nesta sala. Mudou DA SALA 28-M PARA A SALA 51-A (5º andar do Bloco A)”.


Assessoria de horários - O Processo


___A mensagem em si não tinha nada demais. Bizarro, para mim, é saber que, para se colocar um aviso bobo desses na porta de uma sala, foi necessário conseguir uma assinatura da “Assessoria de horários”. A organização burocrática das escolas sempre me parece por demais kafkiana.


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P.S.: Lamento ter demorado mais de um ano para publicar a foto de uma parte do aviso. Demorei, pois, antes de publicá-la, eu precisava da autorização do diretor Josef, assinada em três vias, reconhecidas em cartório, na folha de permissão A-38 –, que só pode ser conseguida após o preenchimento do verso da terceira folha do formulário azul calcinha, nos anos pares, durante os dias chuvosos da primavera.

6 de dezembro de 2010

Promessas vazias

___Queridos leitores paulistas: bem vindos a dezembro. Por sorte, meus queridos, novembro acabou e, talvez, o PSDB, o partido eleito para continuar a governar o estado de São Paulo, já tenha se cansado de fazer os seus eleitores de otários. Acho que o PSDB não cansou, que continuará a governar para poucos e a transformar a vida de muitos em algo pior, mas o que sei eu.
___Para explicar melhor minhas reclamações, para ajudar aqueles com memória fraca, permitam que eu desanuvie a memória de vocês.


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Segurança
___Lembram do que o governador eleito Geraldo Alckmin falou sobre segurança durante a campanha? Deem uma olhada, caso necessário, nos primeiros minutos do vídeo abaixo, do canal oficial da campanha no You Tube:








___Vou transcrever o trecho inicial: “É a nossa prioridade a questão da segurança pública e eu queria colocar o seguinte: primeiro, valorização policial, valorização policial, condições de trabalho para o policial...”. Flap, flap, flap. Não é lindo? O Sr. Geraldo Alckmin não só falou que iria valorizar os policiais, como repetiu isso. Puxa, quer dizer que depois de 16 anos de governo do PSDB em São Paulo, depois de 16 anos pagando salários vergonhosos o então candidato a governador disse que iria valorizar os policiais! Infelizmente, depois de eleito, o Sr. Alckmin mostrou que sua promessa de campanha era, apenas, uma mentira deslavada.
___Alckmin foi um dos governadores eleitos que se dirigiu, em novembro, para Brasília para fazer um apelo aos parlamentares para que, este ano, não seja aprovado o PEC 300 – que trata da criação de um piso salarial nacional para policiais e bombeiros. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, Alckmin disse: “Isso deve ficar para o ano que vem, depois da posse dos governadores e da presidente eleita. Aí discute-se segurança pública e a melhoria salarial dos policiais.”. Salário baixo no rabo dos outros é refresco, né? Falar, em campanha, que vai valorizar os policiais, mas, já antes de assumir, lutar para atrasar um projeto de aumento de salário é, no mínimo, a atitude de um crápula.
___Antes que alguém venha defender uma atitude dessas, faço minhas as palavras de Ivan Valente, o meu deputado federal: “Quando os governadores foram candidatos — agora eleitos ou reeleitos — diziam que a prioridade era educação pública, saúde pública e segurança pública. Mas todos sabiam das limitações. (...) Os governadores não querem mexer na estrutura de pagamento da dívida, mas não têm dinheiro para pagar um salário melhor para os profissionais de educação, saúde e segurança pública. Não concordamos com esse raciocínio. Não há nenhuma irresponsabilidade fiscal nisso. O que existe, por parte dos governos federal e estaduais, uma irresponsabilidade social. (...) As pessoas dizem que não podemos votar um piso para a Polícia Militar porque aí os professores, que têm piso de R$ 1.024 por 40 horas semanais, vão ficar reclamando. É lógico! Se é concedido um piso de 3 mil e tantos reais para uma categoria, por que o professor ganha mil, essa miséria?”.


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Transporte
___Para não concluir o texto com uma pedrada só e ajudar os paulistas de memória fraca, creio que pode ser válido lembrar outra promessa: estações de metrô.
___Quem anda pelo metrô paulistano cansou de ver as incontáveis propagandas do ExpansãoSP, nas quais se falava sobre as melhorias que estavam sendo feitas pelo governo estadual. A palavra “Expansão” foi escolhida, obviamente, para associar os planos do governo não às pequenas melhorias, mas à expansão das linhas, à inauguração de novas estações.
___E as promessas foram muitas.




___Citando o portal do governo estadual, com o parágrafo ainda no ar (print screen aqui, se necessário), “Um dos grandes destaques nas intervenções do Metrô é a construção da Linha 4-Amarela (Vila Sônia-Luz), que terá 12,8 Km. A primeira fase da linha começa a funcionar até o fim de 2010 com as estações Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República e Luz. Na segunda fase entrarão em operação as estações Vila Sônia, São Paulo-Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire, e Mackenzie-Higienópolis.”.
___Deixem-me repetir um trecho: “A primeira fase da linha começa a funcionar até o fim de 2010 com as estações Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República e Luz.”. Apesar do que foi dito, das 6 estações da Linha 4-Amarela prometidas até o fim de 2010, apenas 2 (DUAS!) foram entregues à população. A estação que eu estava aguardando, a Butantã, estava prometida para novembro. Assim como os 6 orgasmos múltiplos que prometi ontem para minha namorada, a estação ficou só na promessa. E olha que eu, pelo menos, entreguei 5.


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___Assim como zumbis se alimentam de cérebros, políticos vivem de propagandas. Só que o cumprir ou não dessas promessas tem efeito direto na vida dos cidadãos e, por isso mesmo, achei que valia a pena recordar algumas. Para os insatisfeitos com os governos paulistas do PSDB ou com outros governos por aí, a caixa de comentários está aberta para que promessas não cumpridas sejam lembradas. Só, por favor, se forem lembrar algo (e demonstrar que a promessa foi vã), façam como eu, citem as fontes, não acusem com boatos.

3 de dezembro de 2010

Suicídio e sensatez

... foi então que Cíntia percebeu que o suicídio era a única atitude sensata a ser tomada. Felizmente, ela nunca foi uma mulher sensata.