31 de dezembro de 2008

Perpetuando o machismo

_____A leitora Ro Costa pediu para que eu escrevesse sobre o eterno chavão “Os homens são todos iguais X Não dá para entender as mulheres”. O texto pode ter saído um tantinho polêmico, mas, mesmo assim, creio que abordei um ponto interessante. Confiram abaixo.


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_____Você, bela e doce leitora, acha mesmo que todos os homens são iguais? Todos? Nenhum se salva?
_____Claro que condenar a todos é um clássico clichê utilizado em momentos de ódio. Mas, mocinha, tenha cuidado. Lembre-se de que isso é um recurso lingüístico que, se usado à exaustão, fica cada vez mais forte – como bem ensinou Goebbels. A repetição em excesso, com o passar do tempo, dá aos defeitos que os “Homens Iguais” cultivam (e que tanto incomodam as mulheres) um ar de “característica genética do Y”. Todos, até mesmo os homens, passam a acreditar que certas atitudes são próprias do gênero masculino da espécie. Veja o caso da tão alarmada “inexistência” do racismo no Brasil: de tanto repetirem a idéia, as pessoas realmente crêem nela.
_____Lembre-se de que a maioria das atitudes típicas dos “Homens Iguais” é cultural, uma simples herança histórica. Continuar falando delas como algo característico dos homens é quase que aceitar a sua existência e, ainda, perpetuá-la. Saiba aceitar os “Homens Diferentes” e rejeite os outros. Mas, rejeite mesmo. Nenhum dos homens que passarão a andar com você, aposto, vão ser iguais a todos os outros.
_____Agora, você, leitor, que pensa que “Não dá para entender as mulheres”: relaxe. Não dá mesmo.

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P.S.: Caso alguma leitora precise de incentivo, tenho dois lembretes bem divertidos do poder de persuasão de vocês.
P.P.S.: Deixando todos os comentários jocosos à parte, creio que o Drummond tem pontos muito bons para acrescentar à reflexão no seu poema “Igual-desigual”.
P.P.P.S.: Obrigado a todos os leitores freqüentes (ou não) do blog pela audiência em 2008. Eu me diverti muito escrevendo para vocês. Um feliz 2009. Espero encontrá-los por aqui no ano que vem.

29 de dezembro de 2008

O pai dos argumentos estúpidos

_____Existe argumento mais tosco, pífio e teoricamente invencível do que “Tanta gente passando fome no mundo e você se preocupando com isso?”? É um argumento típico de quem, sem ter o que dizer, quer desmoralizar um assunto. Pode ser usado em quase qualquer situação para colocar um ponto final em uma discussão.
_____– Ele terminou comigo, minha vida é tão triste.
_____– Ah, se toca. Tanta gente passando fome e você chorando por causa do fim de um namoro!
_____– O carrasco do meu chefe está me perseguindo. É um inferno viver assim.
_____– Porra. Um monte de gente sem ter o que comer e você preocupado com isso?
_____– Será que Capitu traiu Bentinho?
_____– Tantas pessoas passan...
_____OK. Você já pegou o espírito da coisa.
_____É claro que a fome do mundo é um problema importante, todos devem estar atentos a ele e em busca de sua solução. Porém, o assunto fome não impede que se pense em outra coisa, não pode ser um tema paralisante e inconteste. Não pode, nem deve servir de argumento implacável para que as outras questões que assolam a raça humana sejam esquecidas.
_____Em setembro escrevi a crônica “O trágico fim dos livros de bolso”, um texto meiguinho falando do mini-drama que é, para mim, quando um livro de bolso está no fim. Sempre leio os livros de bolso fora de casa e, portanto, quando eles acabam, muitas vezes fico sem ter o que ler. O objetivo do texto era, apenas, dividir meus pensamentos de uma forma gostosa, externar um sentimento.
_____O texto, principalmente por causa do Y! Posts, acabou tendo muitos leitores. Além dos clássicos comentários interessantes, apareceram alguns ogros atacando a mim e ao assunto: “Caramba! isso eh de dar inveja! Q problemao, hein? E tem tanta gente q gostaria de ler, nem q fosse um gibi, esse cara fica em crise porque acaba a historinha!!!!Tem q procurar o q fazer…”; “Cara você é viado? Se não for parece, porque existe coisa mais importante na vida para se preocupar do que uma merda de um livro de bolso !!!”.
_____Entendeu o ponto? É óbvio que existem inúmeras nódoas que incomodam a Humanidade, claro que as pessoas devem se importar com os massacres cometidos por Israel, com a desigualdade social, com a ecologia, com a fome no mundo. Porém, isso é motivo para não ler um livro? Não ver um filme? Não fazer amor? Não conversar com os amigos? Não trocar idéias e pensamentos? Ah, não fode. Citar a existência dos outros problemas no mundo em uma conversa sobre outro assunto não é um argumento, é uma fuga, é retórica vazia. É a representação máxima da sabedoria dos medíocres.
_____“Tanta gente sem ter o que comer e você reclamando disso?” é a base das desculpas para que ninguém se responsabilize por nada. Tive um amigo fotógrafo que trabalhou com o pessoal do Greenpeace em uma campanha para ajudar as baleias. Ele dizia que a maioria das pessoas que o criticavam falavam coisas como “Um monte de criança precisando de ajuda e você aqui tentando salvar as baleias.”.
_____“Os políticos roubam tanto. Por que bem eu que iria ser honesto e trabalhar?”. “Olha só! Um monte de bandidos soltos por aí e esse policial tá aqui multando os carros.”. Políticos que não trabalham não isentam ninguém de fazer o próprio serviço. A existência de criminosos impunes não justifica uma infração. A existência da fome no mundo não é desculpa para ninguém deixar de fazer algo, seja ler, conversar, tirar férias, dormir ou ajudar os animais.
_____Agora, se você acha que tudo o que eu disse é bobagem, que é necessário tentar resolver o problema da fome do mundo 100% do tempo, diga-me: por que você está aqui, lendo um blog agora ao invés de correr atrás da solução? Caso você tenha alguma resposta satisfatória para me questionar e resolver o problema da fome, saiba que eu também estou fazendo a minha parte. Ou você acha que Literatura não vai ser importante para a Humanidade sem fome que vai passar a existir por causa da sua genial solução? Se acha que a Literatura não tem importância, saiba que você não é inteligente o bastante para acabar com a fome no mundo.
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P.S.: Como complemento, creio que vale dar uma olhada nos textos “Nós e nossas pequenas sinas…”, do Pedro Jansen, e “Nada a declarar”, do Alexandre Inagaki (com o ótimo curta homônimo de Gustavo Acioli).
P.P.S.: Falando de ajudar a Humanidade, você já viu a “campanha do John Lennon” para doar laptops para as crianças do mundo?




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Nota: Texto escrito atendendo ao pedido da leitora Van.


27 de dezembro de 2008

Terminando o ano com o pé esquerdo

_____A vida é assim mesmo. Ando de bicicleta, pulo de um lado para o outro quando estou ensinando História, danço... e é em uma livraria que eu caio e machuco o pé.



_____Em plenas férias.


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P.S.: Como extra, vejam só o que virou o meu pé engessado:



25 de dezembro de 2008

Humor negro natalino

_____Para divertir vocês, meus queridos leitores, resolvi publicar hoje as melhores piadinhas natalinas que encontrei neste ano.



_____Primeiro, uma encontrada no próprio Ops!, no blog do Milton Ribeiro:


_____A segunda, do artista Pierre Borgeault, foi encontrada no blog do talentosíssimo ator Otávio Martins. Mesmo caindo na clássica crítica ao capitalismo, ficou bem bacana:



_____A próxima eu encontrei em um blog lusitano, o Chichas (hoje, o mesmo blog publicou outra figura bacana):



_____Voltando para o nosso continente, o cartunista argenteino Liniers publicou uma charge bonitinha para os atrasados:



_____Finalmente, para fechar com chave de ouro, a doce Clara Gomes produziu esse divertido vídeo:


httpv://www.youtube.com/watch?v=84nvQsadKPU


_____Deram risada com alguma das brincadeiras? Espero que sim. O objetivo era, simplesmente, fazer vocês sorrirem um pouco mais no dia de hoje. Feliz natal para todos.

24 de dezembro de 2008

Como anunciar

_____Andar de metrô nos últimos meses do ano costuma ser um tipo de tortura para quem, como eu, gosta de Educação. Como a lei “Cidade Limpa” (que, ridiculamente, proíbe propagandas por tudo que é canto de Sampa) não impede anúncios dentro das estações e trens, por todos os lados é possível ver, nesta época, anúncios de faculdades particulares.
_____Sempre gostei de anúncios. Acho publicidade uma carreira interessante; considero divertidos programas como o Na hora do intervalo. Gosto de ver os resultados de concursos como “melhores comerciais do ano” – são tão válidos quanto os do Festival do Minuto. Porém, as propagandas de universidades que superlotam os vagões do metrô geralmente não são nada boas. São um saco de se ver. De tão ruins, parece até que os infelizes que produziram aqueles anúncios foram formados pelas próprias centros universitários que anunciam.
_____Como não poderia deixar de ser, as universidades que mais fazem propagandas são as piores. Sua qualidade nunca atrairia nenhum aluno e, portanto, elas precisam espalhar aos quatro ventos sua miserável existência para serem lembrados pelos vestibulandos, os futuros coitados que nelas estudarão. Todas são a melhor em alguma prova do governo, com tantos cursos com conceitos “A +” do MEC, a única com cinco estrelas em algum guia estudantil ou qualquer bobagem do tipo. Baboseira vazia, mas que atrai uma penca de acéfalos e ignorantes. Quem sabe mesmo um tanto sobre Educação, no máximo, olha com tristeza para esse embuste.
_____Por isso mesmo que eu admiro extraordinariamente os humoristas da Cia. Barbixas de Humor. Em 2007, eles foram contratados para produzir alguns anúncios de uma faculdade particular. Graças ao talento dos Barbixas, os anúncios ficaram ótimos. Olhem um exemplo:






_____Terem um cheque depositado na conta, entretanto, não fez com que os humoristas assinassem embaixo sobre a qualidade dos cursos da faculdade que os contratou. Os vídeos produzidos estão disponíveis na página da Companhia no You Tube, mas, com ressalvas: “Vídeos publicitários produzidos para a Faculdade Cantareira. Mas pode ficar tranquilo... foram escritos, dirigidos e encenados pelos Barbixas.”. É lindo e honesto. Apesar do fato de quem eles têm a desculpa de que trabalham com humor, a atitude dos Barbixas foi muito corajosa.
_____Os anúncios feitos pela Companhia, como eu disse, são muito bons. O resultado, é que, apesar da piadinha depreciativa, neste ano ele foram contratados, novamente, pela mesma faculdade para produzir as propagandas. Confiram um dos reclames:






_____Quem foi que disse que honestidade – aliada a um trabalho bem feito – (às vezes) não compensa?


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P.S.: Existem outras propagandas e vídeos sensacionais do grupo na página deles no You Tube.
P.P.S.: Escrevi outro texto sobre os Barbixas que foi elogiado até pelo grupo. O nome é muito singelo: “Jesus Cristo, George W. Bush e eu”.
P.P.P.S.: Não, o texto não foi patrocinado. Mas, se alguém quiser depositar algo na minha conta, é só entrar em contato.

22 de dezembro de 2008

Todos os caminhos levam a este incauto autor



_____“Puxa vida, Ulisses. Meus pobres dedinhos estão doendo.”, reclamou-me, fazendo biquinho, uma bela leitora dias atrás. “O endereço do seu blog é muito grande e meus delicados dedinhos doem para digitar http://www.incautosdoontem.opensadorselvagem.org.”.
_____Como sempre tento agradar a todos os meus leitores (principalmente as leitoras bonitas que fazem biquinho para mim), virei para os meus confrades do Ops! e ordenei que eles tomassem alguma atitude. Receosos que meu caráter violento fosse próximo ao de Chuck Norris, o pessoal deste interessante portal que tão gentilmente me abriga (e que tão pacientemente atura as minhas piadas), correu para diminuir o endereço do blog. Agora, o Incautos do Ontem pode ser acessado, também, pelo endereço incautosdoontem.opsblog.org.
_____Sim, vocês leram direito. O Incautos agora pode ser acessado também pelo endereço dos blogs do Ops!. “Também” porque, na realidade, todos os caminhos levam aos meus textos. Se vocês acessarem o primeiro endereço do blog, http://incautosdoontem.blogspot.com, vocês cairão aqui. Se resolverem digitar http://incautosdoontem.notlong.com, também vão aparecer por essas bandas. Ao colocar no navegador http://incautosdoontem.opensadorselvagem.org invariavelmente aparecerão por aqui. E, finalmente, ao entrar pelo novo endereço oficial do blog, http://incautosdoontem.opsblog.org, novamente a divina providência os transportará para cá. Não há como fugir.
_____Alguns estudiosos estão a discutir se a própria obra de Shakespeare também não leva diretamente às minhas linhas. Quanto a um tal de Homero, um incompreensível Joyce e o Alcorão, não resta dúvidas, todos são caminhos para os textos do Sr. Ulisses Adirt. Inclusive não é difícil encontrar pela própria web outros escritos meus. Podem ter certeza que até Neil Armstrong pôde comprovar que não há como fugir desses gloriosos arroubos literários (ele descobriu isso em uma longa viagem que fez umas décadas atrás).
_____Portanto, leitores, podem relaxar: o endereço do blog não mudou. Simplesmente mais uma estrada até o Incautos foi aberta. Só falta, agora, conseguir convencer os romanos para onde é que, realmente, todos os caminhos levam.

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P.S.: Espero que tenham gostado do novo layout do blog. A reforma é para melhor atendê-los. Diga-se de passagem, vocês já sabem, se não gostarem de algo, é só escrever.
P.P.S.: Aproveitando a deixa, vale lembrar: foi para saber mais sobre vocês, para melhorar tudo para vocês, que o Ops! organizou essa pesquisa. Quem ainda não respondeu, aproveite. Só fica no ar até o dia 10 de janeiro.

20 de dezembro de 2008

Educadores?

_____Todo ano a cena se repete.
_____Em meados de dezembro vou para alguma das escolas em que trabalho para o Conselho Final. O objetivo da reunião é ver quais alunos foram aprovados e decidir, entre aqueles que não passaram na Recuperação Final, quais irão para a série seguinte. Antes mesmo do trabalho começar já é possível ouvir comentários como “Só vim trabalhar hoje. Já estou de férias antecipadas faz uns 15 dias. Você acha que eu iria perder parte das minhas férias de final de ano deixando alguém de recuperação?” ou “Ah! É hoje que o bicho pega.” seguidos de risinhos sem graça.
_____Depois que o Conselho oficialmente começa dá para perceber, de longe, quais professores deixaram (ou não) alunos de recuperação e os motivos. São basicamente dois grupos: os que acreditam no próprio trabalho e na importância dele e aqueles que dão aula por qualquer outro motivo. Nos dois grupos existem professores que aprovam e que reprovam alunos.
_____Entre os lentes que acreditam na Educação, os que passam os alunos o fazem por filosofia. Eles realmente acreditam que a reprovação vai prejudicar os educandos e, portanto, distribuem notas altas o ano todo. Não concordo com esse modo de ver a cátedra, mas respeito. Os mestres que não aprovam quem não conseguiu aprender algo, também crêem verdadeiramente que aquela atitude vai auxiliar os estudantes. É bonito ver o embate entre dois pontos de vista tão antagônicos com um mesmo ideal: Ensinar.
_____Em compensação, dar uma olhada nos professores que não acreditam na própria profissão causa, no mínimo, asco. Quem reprova o faz por vingança ou maldade – “Ela é uma burra, tem que reprovar.”; “Aquele moleque ficou bagunçando em todas as minhas aulas, nunca prestou atenção. Dei essa nota para ferrar o idiota. Agora ele vai ver quem manda.”. Quem aprova o faz por preguiça ou incompetência – “Eu sou prático, eles não querem aprender mesmo. Por que eu vou me dar ao trabalho de correr atrás?”; “Passei mesmo. Ia ficar corrigindo provas até hoje? Haja saco!”.
_____A política educacional vigente, vale dizer, dificulta a reprovação que nem uma crente virgem dificulta o coito. Essa excrescência educacional conhecida como “Aprovação Automática” acrescenta ao repertório dos professores a desculpa de que ninguém vai ficar retido na mesma série, não importa se os alunos tenham adquirido algum conhecimento ou não. “A Secretaria da Educação e as Delegacias de Ensino não deixam reprovar. Então vamos aprovar logo para evitar a fadiga.”.
_____Para os professores que não vêem sentido no próprio trabalho e, portanto, aprovam todos por pura preguiça ou incompetência, sempre tenho vontade de perguntar:
_____– No primeiro dia de aula você já anuncia para os alunos que é um vagabundo?
_____Ou:
_____– Quando as notas saem, você fala para os alunos: “Viram como eu sou bom? Todos vocês aprenderam.”?
_____Para os que reprovam por maldade, digo um simples:
_____– Você não se sente mal fazendo isso?
_____Certo ano, de mau humor, eu cheguei a fazer as três perguntas em uma mesma reunião. Irritado, um professor retrucou:
_____– E você acha que todos os alunos que passaram com você aprenderam mesmo?
_____Juro para vocês que o meu “Tenho certeza.” foi sincero.

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Nota: Texto escrito atendendo aos pedidos da leitora Danda.

18 de dezembro de 2008

Penélope, Capitu, Circe, Cordélia, Juliette

_____Acho uma graça ficar trocando flertes com nomes de personagens da Literatura. Podem me chamar de brega o quanto vocês quiserem.


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P.S.: Só para avisar, escolher as personagens certas ajuda bastante na obtenção de resultados positivos.

16 de dezembro de 2008

Para proteger e servir

_____Por mais absurdo que pareça, algumas pessoas me criticaram quando reclamei do disparate que é uma ronda escolar dar um tremendo mau exemplo estacionando na calçada de uma escola. A maioria das críticas dizia que os policiais não poderiam atrapalhar o trânsito. Sempre quis saber quando foi que uma pessoa que pensa assim chegou à conclusão de que o trânsito tem mais “direitos” que os pedestres.*
_____Entre os argumentos toscos que escutei, estava o clássico “Dá para os pedestres passarem pelo canto.”. Claro que a resposta mais lógica seria “Sim, assim como daria para os carros passarem pela outra faixa, caso os policiais tivessem colocado o carro na rua – o lugar certo.”.
_____Ao invés de perder meu tempo repetindo, novamente, essa última resposta da próxima vez que eu ficar com vontade de falar sobre o assunto, creio que será bem mais interessante mostrar essa foto que eu tirei no mês passado:


_____Agora me digam, carrofundamentalistas do mundo: por onde eu devo passar? Disputar a rua com os carros em alta velocidade foi a única opção.


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_____No dia da foto, nenhum bandido colocou minha vida em risco. Porém, no dia da foto, um grupo de policiais mal-acostumados com os privilégios que os motoristas de automóveis têm, colocaram a minha vida e a de outros cidadãos (pedestres) em risco.



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* É tão bizarro. Os usuários de automóveis são cerca de 30% da população. Por que diabos eles deveriam ter prioridade sobre os outros 70%?

13 de dezembro de 2008

Contrastes

_____Hoje, acontece o baile de fim de ano da academia de dança em que trabalho. Quem quiser aparecer, anote: começa às 21h e rola madrugada à dentro, no Clube Ipê (R. Ipê, 103 – Ibirapuera). Custa R$ 35. Todos os leitores, como de costume, estão convidados.
_____Às 22h, vai ser apresentado um espetáculo de dança, com o tema Contrastes. Diversas coreografias de dança ligadas ao tema serão apresentadas. Uma das graças do show é, exatamente, procurar entender como cada uma delas trabalhou com a idéia de contraste. Mesmo não sendo fã de palco, estarei participando da coreografia de samba de gafieira e da de swing. Já sabem o que me desejar, certo?

12 de dezembro de 2008

“Para vocês”: Resultado

_____Na sexta passada eu resolvi presentear os meus leitores permitindo que eles escolhessem um tema para um texto que eu escreverei até o fim do ano. A idéia, pelo visto, não foi muito bem recebida. Não falo isso pelo número reduzido de sugestões (apenas duas, nos comentários), mas, sim, pela bordoada que levei de um leitor.
_____Por e-mail, um leitor que nunca havia aparecido disse, entre outras coisas, o seguinte: “q bloguero vagabundo vc eh, mano. queh q os leitores q tenham trabalho d acha o q vc vai escrever. vai se fodeh”.
_____Não estou ofendido nem nada do gênero. Achei o cara grosso, claro, mas, se eu ligasse para grosseria, não seria pedestre em São Paulo. Resolvi falar sobre isso com vocês para me explicar melhor. Meu objetivo ao deixar os meus leitores escolherem sobre o que eu irei escrever era, simplesmente, para que vocês escolhessem um assunto que lhes agradasse. Se vocês freqüentam a casa, é porque gostam dos meus textos. Só quis presenteá-los com uma postagem minha sobre um tema que agrade vocês. Desculpe-me se incomodei alguém com o pedido.
_____Voltando à parte divertida, as duas sugestões que recebi foram as seguintes:
a) A leitora Van sugeriu que eu escrevesse sobre alimentação;
b) A Ro Costa, do blog Metamorfosear, disse que gostaria que eu falasse sobre o tema “Os homens são todos iguais X Não dá para entender as mulheres.”.
_____Como foram apenas duas sugestões e não, digamos, umas 5000, posso me virar bem. Vou escrever um texto para cada uma das sugestões até o fim do ano. Aguardem.

10 de dezembro de 2008

O maravilhoso mundo do Ops!

_____Em agosto deste ano fui convidado pelo admirável Rafael Reinehr para participar do portal O Pensador Selvagem. Fiquei feliz com o convite, mas, admito, um pouco ressabiado. Eu já conhecia o Ops! por acompanhar os escritos do Biajoni, admirar o Milton Ribeiro e adorar os textos do Fausto Wolff Marconi Leal. Mesmo assim, meu contato com o site se limitava a ler os blogs desses autores.
_____Por conta do convite, perguntei para alguns amigos blogueiros o que eles achavam da mudança. Como só ouvi elogios ao Ops! (e como, também, recebi uma multimilionária oferta de remuneração caso eu aceitasse me mudar para o portal)*, aceitei. Vocês nem imaginam o quanto estou contente por ter aceitado. Tudo por aqui é bem melhor do que eu havia imaginado. O portal é, literalmente, uma reunião dos mais diversos tipos de seres humanos, com liberdade total para agirem como bem entenderem.
_____Por aqui é possível ler – tanto no portal quanto nos blogs – sobre Matemática, sexo, quadrinhos, Geografia, culinária, música clássica, tecnologia, política, artes plásticas, ecologia, esportes, dança, Literatura, ver Literatura de altíssima qualidade sendo feita, enfim: as ofertas que o site oferece são tantas e tão ricas que, no mínimo, há uma completa garantia de um bom programa para quem gosta de ler e estiver a fim de se aventurar por aqui. Sem contar os projetos interessantes que sempre estão ululando em cada canto, a abertura que todos – leitores e escritores – podem gozar, a constante busca de talentos e uma vontade perene de melhorar. Queria ter conhecido tudo isso antes.
_____Aproveitando que hoje o Ops! completa um ano de existência, resolvi falar tudo isso para os meus leitores, para que vocês possam adentrar nesse universo maravilhoso que eu demorei tanto para conhecer de verdade. Sério, aproveitem mesmo. Juro que não estou falando isso só porque, no próximo dia 15, um novo cheque cai na minha conta.

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P.S.: O Ops!, vale dizer, aproveitou o aniversário para presentear os leitores. Quem quiser receber uma cesta de natal diretamente da Alemanha, é só clicar aqui e participar da promoção.
P.P.S.: Para aqueles que estiverem a fim de ajudar tanto o Ops! quanto este blogueiro a conhecer melhor quem freqüenta minha saudosa casa, respondam esta rápida pesquisa. É mais rápido do que fazer um miojo.

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* Não entrarei em detalhes para não causar inveja nos meus colegas dO Pensador Selvagem.

7 de dezembro de 2008

Amai, rapazes!

_____A Globo lançou um viral intitulado Mil Casmurros. É uma idéia bonitinha: eles dividiram o Dom Casmurro em mil pedacinhos (literalmente) e liberaram para que qualquer internalta grave em vídeo a sua participação. O projeto parece estar indo de vento em popa – até o momento mais de 70% do livro já foi gravado. Como bem falou o Biajoni, quem disse que não existe viral legal?
_____Para atrair mais atenção para o projeto, eles também convidaram algumas celebridades. Tem famosos para tudo que é gosto: de Gabriel, o Pensador, a Moacyr Scliar, de Fernanda Lima a Patrícia Pillar, de Ferreira Gullar a Elke Maravilha. E, entre as celebridades, como não podia deixar de ser, está lá, no honrado trecho 591, este grande blogueiro (com o nome verdadeiro e o pseudônimo de escritor misturados).
_____Aproveitando, é bom dizer que vale mesmo a pena ir dar uma olhada na minha participação. Escolhi um trecho lindo. Não sei até agora porque diabos ninguém o escolheu antes. Eu leio a parte final (e meiga) do capítulo LXXXVI, o “Amai, rapazes!”.


Tudo arredei da vista, em poucos segundos; bastou-me pensar na outra casa, e mais na vida e na cara fresca e lépida de Capitu... Amai, rapazes! e, principalmente, amai moças lindas e graciosas; elas dão remédio ao mal, aroma ao infecto, trocam a morte pela vida... Amai, rapazes!



_____Aproveito o ensejo para dedicar minha participação a uma linda mocinha que amo desmesuradamente.


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P.S.: Minha bela e amada namorada faz uma pequena participação no meu vídeo. Creio que serve como colírio para quem for ver a minha cara feia.
P.P.S.: Também vale a pena dar uma visitada no blog do Mil Casmurros. Não só eles selecionam os vídeos mais interessantes, como, também, a leitura dos textos é divertida.

5 de dezembro de 2008

Para vocês

_____Meus leitores são lindos.
_____No dia 8 de novembro, publiquei um texto falando que gostaria de conhecer uma revista britânica chamada The Big Issue. Vários leitores, pelos comentários e por e-mail, logo se prontificaram a me arrumar um exemplar. Acabei por aceitar a generosa oferta da leitora Anna e, na semana passada, recebi pelo correio uma edição da revista.



_____Agradeço a todos que tão gentilmente me ofereceram ajuda. É ótimo ser mimado.
_____Para mimar vocês em retribuição, queridos leitores, resolvi presenteá-los. Como acredito que vocês aparecem por aqui por gostarem dos meus textos (ou será que aparecem por causa dos meus lindos olhos verdes?), vou presenteá-los dando a vocês a chance de escolher um tema para que eu escreva.
_____Coloquem nos comentários ou mandem para o meu e-mail os temas sobre os quais vocês gostariam que eu escrevesse. Daqui uma semana, coloco os assuntos sugeridos em votação e, então, escrevo sobre o mais votado até o fim do ano. Gostaram da idéia?

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P.S.: Querem saber o motivo pelo qual eu não vou me propor a escrever sobre todos os assuntos que vocês sugerirem? Simples: porque eu sou incauto, não louco. Sei que tenho centenas de leitores (quanta gente com bom gosto, né?); se cada um sugerir um tema, eu não serei capaz de concluir a tarefa de escrevê-los antes do fim do ano.
P.P.S.: Sabem o Liniers, aquele cartunista argentino sobre o qual eu falei outro dia? O biruta resolveu desenhar, à mão, a capa de cada um dos volumes do seu livro Macanudo # 6. Coitado. Deve estar arrependido de sua brilhante idéia até agora.

3 de dezembro de 2008

Geni e o Zepelim

_____Reunião pedagógica, conselho de final de ano:
_____– Abram os diários da nona série do Ensino Fundamental. O Abílio ficou com alguém? – Perguntou a coordenadora.
_____Não havia ficado. Aluno aplicado, interessado, xodó da maioria dos professores. Passou direto.
_____– Próximo, deixe-me ver: Geni. A Geni, número 2. Passou com alguém?
_____Aluna pouco interessada, passa a maior parte das aulas se maquilando com o celular espelhado. Havia ficado em quase todas as matérias.
_____– Nossa, gente! – Exclamou a coordenadora. – Mas, só é permitido ficar para recuperação final em quatro matérias. Assim ela vai reprovar direto.
_____Começa um longo momento em que metade dos professores fala, quase que um atropelando o outro, no quanto ela é desinteressada, que não merece mesmo passar, etc.. “Ela só fica se maquilando, nunca prestou atenção em nada do que eu falei.”. “Ela só tirou nota nessa última prova minha porque o Mauro deve ter passado cola. Ele fica toda hora olhando para ela.”. “Se a nota fosse pela quantidade de alunos com quem a Geni ficou, pode apostar que ela teria passado no primeiro bimestre.”. “Nunca fez nenhuma lição. Eu bem que avisei.”. “Eu soube que ela também beijou uma aluna, do segundo.”. “Sério?”. “Ai, gente. Ela tem problemas em casa. Os pais não dão atenção.”. “Ela tem problemas aqui! Você não soube que ela foi uma das meninas pegas com maconha no banheiro.”. “É uma inútil mesmo. Ainda bem que vai reprovar.”. “Além de tudo, ela não respeita ninguém. Narizinho empinado.”.
_____Depois de um tempo de dispersão, a coordenadora diz que precisa falar uma coisa importante. A ordem demora um pouco para ser restabelecida, alguns professores estão terminando de apedrejar a menina.
_____– Olha, gente, tenho que dizer uma coisa. O nono ano era a menor sala do colégio. No ano que vem, o dono da escola vai utilizar a sala deles para tentar abrir uma turma de pré vestibular. A escola vai ficar só com as turmas de Ensino Médio. Sendo assim, se reprovarmos a Geni, nós vamos perder um aluno. Vocês sabem que a escola não está bem das pernas; não podemos nos dar esse luxo.
_____Sem muita delonga, os professores começaram a rever suas notas e, ao final de alguns minutos, decidem que a Geni só ficaria de recuperação final de três matérias. E que o conselho, se necessário, aprovaria ela, caso a nota de recuperação fosse baixa.
_____Nojo.

30 de novembro de 2008

Sampa por Liniers

_____Todo mundo sabe que adoro São Paulo, nunca escondi isso de ninguém. Sendo assim, não tem como eu não achar o máximo quando um estrangeiro vem para cá e fica, também, deslumbrado com as coisas estranhas que existem na minha cidade.



_____O mais legal é que o lançamento do primeiro livro na língua de Camões do artista argentino Ricardo Liniers SiriMacanudo #1 – foi em uma interessantíssima livraria especializada, a HQ Mix (Praça  Franklin Delano Roosevelt, 142 - Consolação). Vale muito a visita, não só para conhecer o livro de Liniers e a livraria, mas, também, para passear pela Praça Roosevelt, o melhor quarteirão paulistano para quem gosta de teatro.


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P.S.: Para quem quiser saber mais sobre as estátuas com salva-vidas, indico um texto do Futepoca. Quem quiser ver a intervenção urbana ao vivo (os endereçoes estão no Futepoca), aproveite que só vai durar até o dia 14 de dezembro.

29 de novembro de 2008

Solução simples

_____Já que, para não atrapalhar os automóveis, é proibido estacionar na rua, resolva como um motorista escroto: deixe o carro na calçada e atrapalhe “apenas” os pedestres.*




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* Antes que alguém pergunte, eu não sei quanto tempo o carro ficou na calçada. Só sei que deu tempo de ir tomar café na padaria e voltar.

27 de novembro de 2008

Paraíso dos masoquistas

_____Pessoas acorrentadas, sendo chicoteadas, queimadas, apanhando, tudo isso, segundo a mitologia clássica, acontece no inferno. Esse mar de suplício foi imaginado pelas mais diversas religiões exatamente para manter os fiéis na linha: “Se você não obedecer aos preceitos da nossa religião, se você acreditar em outra, seu castigo será o sofrimento eterno.”.
_____Isso todo mundo já sabe. Porém, sobre esse assunto, existe algo que sempre me intrigou: os masoquistas do mundo não acham isso um paraíso? Não parece fantástico para alguém que sente prazer com a própria dor imaginar algo desse tipo? Ainda mais por toda a eternidade? O que seria, realmente, o inferno para os masoquistas? Se nada acontece? Se eles forem para o céu?



_____Por isso mesmo eu acho que as mitologias sobre os castigos eternos deveriam ser revistas. As pessoas deveriam ser ameaçadas de ficar eternamente doentes no outro mundo. Isso sim seria um verdadeiro inferno.
_____Odeio ficar gripado!

25 de novembro de 2008

Prison Break: Início de uma temporada realmente nova

Atenção: Este texto contém um monte de spoilers.


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_____Já imaginaram o que aconteceria se Machado de Assis resolvesse dar uma forçada de barra para ganhar uma grana extra? Imaginem se Dom Casmurro fosse, na época, um best seller capaz de garantir um polpudo cheque, no fim do mês, na conta do pobre escritor. Feliz da vida com aquele inesperado sucesso financeiro, Machado, então, para faturar mais um pouco, resolve escrever Dom Casmurro 2, a Vingança de Escobar.
_____Querendo trabalhar com as mesmas personagens que caíram no gosto do público, Machado começaria o livro com a narrativa de um Bentinho mais casmurro ainda, começando suas novas memórias agora no cárcere. Após passar uns capítulos reclamando da situação horrível em que se encontra, Bentinho faz uma grande digressão e relata aos leitores que, após a publicação do seu primeiro livro de memórias, Escobar, revoltadíssimo, reapareceu para defender a honra da amiga. Seu ex-melhor amigo não havia se afogado e, sim, nadado até Ítaca e por lá ficado (foi sua maneira de livrar-se de Sancha). “O corpo que descrevi a encomenda em minhas memórias anteriores, querida leitora, estava todo deformado pelo afogamento. Quis poupar sua frágil imaginação daquele horror e não descrevi tão asquerosa cena. Mas, acredite, não menti: eu mesmo achei que fosse Escobar. Por isso fui atingido de tal surpresa quando, em uma tarde de abril, meu antigo companheiro do seminário de S. José reapareceu à minha frente.”.
_____E não seria só Escobar a voltar. Capitu, também, iria ter sua milagrosa ressurreição literária. Mas, seria por pouco tempo. Também revoltada por ter sua imagem tão denegrida, a dissimulada moça, no ápice da obra, diz que, na verdade, teve um caso com José Dias (“Um amante cheio de superlativos!”). Apesar do ódio de Bentinho, é Escobar quem acaba, definitivamente, com os dias de Capitolina (“... que não merecia mesmo defesa.”). E é o mesmo exímio nadador que consegue esquivar-se da culpa do crime e coloca o narrador na prisão.
_____Exagerei? Vocês acham que nenhum escritor faria um absurdo desses com a própria obra? Eu até que, em alguns momentos da minha vida, tive essa doce ilusão. Porém, depois de ter visto – ontem – o primeiro episódio da quarta temporada de Prison Break, sou obrigado a negar.



_____Prison Break é um seriado que começou bastante bem (apesar do tema já explorado à exaustão). Lincoln Burrows (Dominic Purcell) é preso e condenado, injustamente, à morte; seu irmão mais novo, Michael Scofield (Wentworth Miller), comete um crime para também ser preso e, assim, conseguir libertar o parente. Durante a primeira temporada, toda a fuga é organizada e executada. Perfeito. Na segunda, os irmãos e seus companheiros de fuga passam o tempo todo fugindo da polícia. Aceitável, condizente. O irmão mais novo, na terceira, tem de amargar uma nova entrada em uma prisão (colocado lá por pessoas poderosas que querem que ele liberte outro prisioneiro – missão em que Scofield, obviamente, é bem sucedido). Um pouco forçado.
_____O primeiro episódio da quarta temporada, então, organiza uma reviravolta absurda para que o tom de caçada e quebra de desafios continue. Apenas no primeiro episódio (único que eu vi até agora), maus tornam-se bonzinhos; personagens dispensáveis para a “nova história” são mortos ou desaparecem sem grandes explicações; outras, necessárias para trazer um novo tom de drama, ressuscitam; inimigos mortais tornam-se aliados (daquele tipo de aliado que arrisca a liberdade e até a vida pelo outro). Scofield tem suas tatuagens de corpo inteiro apagadas. A grande prisão da terceira temporada é destruída e outras personagens ficam soltas sem grande alarde. Um objetivo comum a todas as personagens é encaixado na trama quase sem questionamento. Só faltou fazer a mão amputada de um dos bandidos voltar a crescer.
_____Os pobres roteiristas quase devem ter tido cãibra para escrever o episódio. A forçada foi tão grande que tornou-se impossível disfarçar. E tudo isso, simplesmente, para manter uma franquia lucrativa. Poderia, até, ser triste, mas, na verdade, é feio, vergonhoso. Eu me sentiria menos envergonhado em dar uma desculpa esdrúxula para a minha namorada em um momento de desespero (“Não, amor, não é o que você está pensando. Essa linda morena, nua, na minha cama, lambendo a minhas partes íntimas, é apenas uma cientista fazendo uma experiência de estímulo aos meus neurônios. Estou fazendo esse sacrifício pelo bem da ciência.”), do que de ser o autor desse episódio.

23 de novembro de 2008

Culpa do título

_____Há algumas semanas, eu e minha namorada estávamos saindo da casa dela para irmos ao cinema. Quando estávamos quase escapando na porta, minha sogra surgiu e perguntou para onde estávamos indo.
_____– Estamos indo ao cinema assistir Mandela.
_____– Nossa, que legal! Posso ir junto? – respondeu minha sogra, para o meu espanto.
_____Minha sogra é uma pessoa que só costuma se interessar por bobagens assuntos acientíficos – coisas transcendentais, cura por cristais, chá do Santo Daime, telepatia, signos, medicina alternativa, ufologia e outros que tais. Fiquei impressionado ao vê-la interessada por um tema histórico-político (de modo que até fiquei animado com a idéia de tê-la como companhia).
_____Minha historinha teria terminado bem se minha sogra não tivesse saído puta da vida do cinema. Apesar da cara de brava, no caminho de volta para casa, arrisquei perguntar a opinião dela sobre o filme. Fuzilando-me com os olhos, ela respondeu:
_____– Achei uma droga. Se eu soubesse que era sobre isso, eu não teria nem vindo.
_____– Sobre o que você achou que era? – perguntei sinceramente intrigado.
_____– Oras, sobre a Mandala.

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P.S.: O título original do filme é Goodbye Bafana. Além de combinar bem melhor com a história (e ser bem mais meigo), ele abre muitas portas interpretativas para que o público possa viajar durante e depois da sessão. Os infelizes que traduziram o título quiseram colocar o nome de Nelson Mandela para atrair mais pessoas; foi uma pena, além de se perder um pouco da poética da obra, ainda me proporcionaram uma sogra de mau humor.
P.P.S.: Ainda sobre títulos de filmes mal traduzidos, creio que vale a indicação de um interessante texto do Inagaki.

20 de novembro de 2008

Barrado no baile

_____No próximo sábado, uma das filiais da academia de dança em que eu trabalho vai fazer um baile de gala para comemorar seus dois anos de existência. Como sou funcionário, mesmo precisando usar terno e gravata, vou à festa.
_____Como o objetivo é fazer uma grande festa (com muita gente, convidados importantes, dançarinas de pole dance), o pessoal da filial alugou um salão maior do que o da própria academia. Meu problema é que alugaram o salão da União Fraterna.
_____Para quem não sabe, as filmagens do Chega de saudade, de  Laís Bodanzky, foram feitas exatamente na União Fraterna. Levando em conta o que eu falei do "filme"* e do salão aqui no blog, creio que é bom eu ir precavido para o baile.

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* Coloquei entre aspas, porque os amantes da sétima arte recusam-se a nomear como “filme” o Chega de saudade.

18 de novembro de 2008

Imperdível!!!!!!

_____De todos os meus trabalhos, o que mais gosto é o de ensinar. Adoro estar em sala de aula, amo lecionar, fico contente quando vou para uma escola. Porém, tudo tem limites.



_____Anunciar uma reunião pedagógica (algo que não gosto nem um pouco) com um aviso dizendo “Não percam!!!!!!!!”, tal qual fosse a mais esperada estréia do cinema ou um belo lançamento de livro passa um pouco do ponto, né? Ainda mais para um sábado, às sete e pouco da matina.


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P.S.: Não houve distribuição gratuita de pipoca no evento.

16 de novembro de 2008

Pessoas influentes e as lixeiras do metrô

_____É quase uma unanimidade que, hoje, Barrack Obama é um dos homens mais influentes do mundo. Se ele resolver falar alguma bobagem muito absurda, existe uma boa chance de que as bolsas caiam bem mais do que já caíram nas últimas semanas. Ele também, graças aos deuses, pode fazer coisas extraordinárias e continuar a deixar muita gente com esperança em um futuro melhor por um bom tempo.
_____Só que, é óbvio, o Obama não é a única pessoa influente do mundo. Eu, por exemplo, sou uma pessoa com muito mais influência. Se vocês quiserem saber, fui eu que sugeri ao Matt Groening a cor amarela para os Simpsons (ele queria azul ou vermelho, vê se pode!). O que foi, não acreditam? Como sou bonzinho, então, vou provar citando um exemplo simples e próximo de vocês.
_____Não faz nem um mês, publiquei um novo texto reclamando da falta de lixeira nas plataformas do metrô. Até o pessoal do Yahoo! Posts gostou do texto. E vocês acham que a história acabou por aí, como costuma ser quando as pessoas menos influentes que eu reclamam de algo? Não, comigo é diferente.



_____Para me deixar contente, a direção do metrô se mobilizou e já instalou, nas plataformas, um monte de lixeiras. Gostei muito, são lixeiras bonitas, transparentes, bem diferentes das antigas.
_____Estou até pensando, agora, em mandar um e-mail para o pessoal do metrô para ver se eles podem acarpetar os trens. Vamos ver quanto tempo demora.

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_____Agora falando sério: fico contente em saber que o metrô conseguiu se organizar para fornecer mais conforto para o usuário e garantir a limpeza das estações.
_____A desculpa inicial para retirarem as lixeiras das plataformas foi o receio de ameaças de bomba. O problema, como vocês podem perceber pela foto que tirei, foi resolvido com o uso da inteligência: trocaram as lixeiras de metal por lixeiras transparentes. Parabéns ao pessoal do metrô pela solução.
_____Agora, queridos leitores, com licença. Tenho uns e-mails do Bill Gates para responder.

14 de novembro de 2008

Boa sorte para dançarinos

_____No teatro já é um costume canônico desejar “Merda.” ou o proverbial “Quebre a perna.” quando se pretende que o ator tenha sorte. O costume é tão clássico que acabou se estendendo para outros tipos de trabalhos artísticos. Os palhaços sempre utilizam “Quebre a perna.”, alguns músicos, “Merda.”*.
_____Eu mesmo já desejei sorte dessa maneira para amigos escritores, pintores, fotógrafos e, até, professores. Um “Quebre a perna.” encaixa muito bem em determinadas aulas.
_____Com dançarinos, entretanto, as coisas são um pouco diferentes. Dançar é uma profissão em que as pernas são importantíssimas, praticamente sagradas. Um bom dançarino, toda noite, antes de dormir, lê, em tom de oração, o Capítulo 66 do Memórias Póstumas de Brás Cubas.
_____Por melhor que sejam as intenções, um “Quebre a perna.” para quem vive de dançar é um desejo fora do lugar, uma pequena gafe. Algo como dar risada quando o seu chefe derruba café na camisa branca. Os dançarinos, nas coxias, só desejam “Merda.” uns aos outros. Sempre. A outra opção pode até significar “Azar”.
_____Em minha apresentação de ontem, se alguém está curioso, tive uma noite de “Quebre a perna.” para dançarinos. Minha parceira, após um passo mais complicado, perdeu o equilíbrio e foi ao chão. Se algum blogueiro que gosta de filmar vergonhas alheias estava presente, serei sucesso no You Tube na semana que vem.

P.S.: Se alguém ficou preocupado, saiba que está tudo ok. Minha parceira não se machucou (só a minha reputação que está um pouco arranhada), não quebrou nada – muito menos a perna.**

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* Não estou me referindo ao trabalho de algum músico, só ao mantra de sorte.


** A parceira que ficou um tempo com o pé machucado por minha causa é outra.

12 de novembro de 2008

Improvisando

_____Para a legião de fãs do Sr. Ulisses Adirt, para aqueles que não gostam de perder uma vírgula de um texto que escrevo, que gostam de seguir, com detalhe e atenção, cada atividade que eu participo, tenho um anúncio: amanhã, quinta-feira, às 20h30min, no teatro Santo Agostinho (Rua Apeninos, 118, metrô Vergueiro), irei apresentar um improviso de swing em meio a um espetáculo de dança clássica. Meu swing vai ser a única dança de salão da noite. Quem estiver em Sampa, pode aparecer; a entrada é franca.
_____Para quem não puder ir, deixo, como aperitivo para a imaginação, a música. Vou dançar “Don’t stop me now”, do Queen. Que Terpsícore me abençoe.

10 de novembro de 2008

O swingueiro se despede de Miriam Makeba

_____Como qualquer um, tenho meus gostos pessoais. Sei bem de que música eu gosto, do tipo de literatura, das mulheres. Porém, além dos meus gostos clássicos, tenho, também, uma enorme curiosidade, o que me faz ficar sempre hipnotizado pelo novo e pelo atípico.
_____Quando alguém consegue chamar a atenção com algo fora do comum, sempre acho fascinante. No dia de hoje, acho mais ainda. Na última madrugada, Zenzile “Miriam” Makeba, a lendária Mama África, faleceu.
_____Só a história pessoal de Makeba (com lutas contra o Apartheid na África do Sul, contra o racismo nos Estados Unidos), já seria um motivo mais do que ideal para admirá-la. Eu, então, tenho mais motivos ainda. Como um dançarino que adora swing, torna-se impossível não babar por uma mulher que trabalhou de forma tão fantástica com misturas de jazz e sons típicos da África.
_____Limpando as lágrimas dos olhos, deixo um vídeo com “Pata Pata”, sua mais famosa música, em uma versão deliciosa de se dançar:





8 de novembro de 2008

Cultura na rua

_____Sempre me sinto um tanto bobo, mas, pouco depois, acho o máximo quando descubro algo bem interessante que esteve debaixo do meu nariz por muito tempo. Sempre apreciei, por exemplo, trabalhos sociais que investem na melhora da vida das pessoas, auxiliam na busca por melhores condições de trabalho, em ganho cultural e coisas do tipo. O projeto da revista Ocas”, por exemplo, encaixa perfeitamente nesse perfil.
_____Com textos bastante bons e, muitas vezes, atípicos, a idéia da Ocas" é ser vendida por moradores de rua cadastrados no projeto. Além dos vendedores receberem uma parte grande do preço de capa (como auxílio para que eles consigam melhorar de vida e abandonar as ruas), eles recebem treinamento de vendedores e devem seguir certas normas, como a de estarem sóbrios, para trabalhar no projeto. O melhor de tudo é que sempre valeu muito à pena conversar com os vendedores. Por trabalharem em um projeto cultural, eles acabavam lendo as revistas, conhecendo os assuntos que interessam para o público leitor e se tornando, entre outras coisas, pessoas bem informadas, gostosas de se conversar.
_____Eu mesmo, por apreciar tanto a idéia, além de leitor, cheguei, inclusive, a publicar um artigo em uma das edições (a número 58, de março/abril deste ano). Eu falei que os textos da revista eram bons, não?
_____Dia desses, lendo um texto sobre a Ocas”, descobri que ela é inspirada em uma revista britânica chamada The Big Issue.* Por alguns minutos, fiquei me sentindo um tonto por não ter nem imaginado as origens de um projeto que sempre me agradou tanto. Depois que a surpresa passou, fui ávido conhecer o projeto do pessoal da The Big Issue. Parece mesmo interessantíssimo. O único problema é que não posso, atualmente, conhecê-lo mais de perto.
_____Se por aí tiver algum caridoso leitor britânico que esteja a fim de me ajudar, entre em contato, eu gostaria de receber um exemplar. Prometo que pago a revista e o frete. Se eu tiver um leitor mais caridoso ainda que esteja a fim de me pagar uma viagem para a Inglaterra, por favor, não se faça de rogado, entre em contato também.

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* Além da Ocas” e da The Big Issue, pesquisando, acabei conhecendo um monte de outras publicações do gênero. Quem se interessar, pode dar uma conferida no site do INSP (International Network of Street Papers).

6 de novembro de 2008

Quem tem medo da análise literária não carrancuda?

_____Tenho acompanhado, com muito interesse, a divertida 2ª edição da Copa de Literatura Brasileira. Para quem não sabe, o objetivo da Copa é escolher, por enfrentamento direto entre as obras, qual o melhor romance brasileiro lançado no ano passado. Em um tipo de mata-mata, jurados previamente escolhidos “apitam uma partida” entre duas obras e decidem qual passará para a próxima fase do torneio.
_____Na última partida – em que Alex Castro foi o juiz da disputa entre O filho eterno, de Cristovão Tezza, e Rakushisha, de Adriana Lisboa –, fiquei impressionado com o tom exaltado dos comentários que alguns leitores fizeram sobre o “jogo”. Como achei a disputa muito bem apitada, resolvi escrever este pequeno texto para apontar alguns elementos importantes em uma boa análise. Meu objetivo não é, nem de longe, defender o Alex (que é bem grandinho e não precisa de ninguém para defendê-lo), mas, sim, mostrar para os comentaristas agressivos o que é uma boa análise para que eles não dêem mais escândalo sem razão. Meu objetivo não é ajudar o resenhista, mas, sim, ajudar os leitores.

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_____Para que este texto faça sentido, leiam, antes de continuar a leitura, o texto do Alex.


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_____A maior parte dos comentaristas agressivos simplesmente leu o que quis, não o que o Alex escreveu. Por exemplo, Dina Zagreb disse: “é um equívoco esperar que um personagem cresça ou conclua alguma coisa, como queria Alex Castro, para quem a literatura em que ‘nada acontece’ precisa de ‘poderosas viagens internas que lhes causam toda sorte de revelações até que, ao final, literalmente não são mais as mesmas’. Que medo!”.
_____Apesar de Dina ter usado parte de uma frase escrita pelo Alex, ela acabou esquartejando a frase verdadeira e usando-o de maneira errada, maliciosa. O que o Alex realmente disse foi que, em geral, nos romances em que nada acontece, há um caminho de aprendizado e mudança. Ele não disse, em momento algum, que isso é uma necessidade na “literatura em que nada acontece”; ele citou um bom exemplo de “literatura em que nada acontece”, o Água viva, da Clarice Lispector, mas não disse, em momento algum, que esse é o Único e Verdadeiro caminho para essa literatura.
_____Outro ataque desmedido foi de um comentarista que colocou no espaço destinado ao seu nome um singelo “Prefiro Não Dizer”. O anônimo comentou que acha “Triste [um] país onde os melhores leitores lêem O Filho Eterno como um livro sobre Síndrome de Down.”. Minha vontade é dizer, simplesmente, “Triste um país que tem comentaristas que reclamam de como um livro foi lido sem ler direito a análise feita.”. Mas, como me propus a refletir sobre os comentários, vou ser mais educado do que isso.
_____Literalmente, as palavras do Alex foram: “A princípio, confesso, O filho eterno, de Cristovão Tezza, não me apeteceu. Não conheço ninguém com síndrome de Down e o assunto não me interessa.” (grifos meus). Ele não falou que o livro é, meramente, sobre Síndrome de Down, disse, na verdade, que achou que era antes de começar a ler a obra. Diga-se de passagem, o Alex, inclusive, acabou por separar alguns dos principais temas presentes no livro (algo bem mais importante em uma crítica do que um mero resumo): “[O Filho Eterno] É daqueles livros gigantescos e gigantescos que, tomando qualquer tema como mote, seja a caça a uma baleia branca ou a destruição de um arraial no interior da Bahia, rapidamente alçam vôo e abarcam o bem, o mal, a condição humana, a inteligência, a autoria, a paternidade, a masculinidade e tudo o mais.”. Caso o comentarista que preferiu não se identificar tivesse lido mais do que, apenas, o primeiro parágrafo, talvez o comentário feito fosse um pouco mais sensato.
_____Por fim, de todos os ataques pesados, o que merece maior atenção é o do Pedro, que acusou o Alex e outros juízes da Copa (que não entrarão nestas minhas reflexões) de estarem muito preocupados consigo mesmos. Apesar de ter me feito dar risada dizendo que esse “estar preocupado consigo mesmo” ao comentar livros é como se “a MariMoon partisse para a crítica literária.”, o Pedro, na verdade, acabou enxergando os trechos pessoais de uma maneira muito preconceituosa, o que, no fim das contas, prejudicou sua análise.
_____Relatar acontecimentos pessoais, principalmente se estiverem ligados às impressões que o resenhista teve ao ler a obra, não desqualificam, a priori, a resenha. Humanizar uma crítica não é necessariamente ruim. Se as pessoas não encararem com preconceitos, casos pessoais podem, sim, enriquecer uma crítica, pois podem tornar as idéias expressas pelo autor mais claras, podem tornar o texto mais palatável, mais divertido, mais fortemente argumentado. Ou alguém acha que boas são as resenhas regadas de um academicismo sério, carrancudo e semi-ilegível? Se alguém aqui acha, creio que a Copa de Literatura Brasileira não é bem o seu lugar.

3 de novembro de 2008

Everybody Hates Ulisses

_____Sabem qual é o efeito de terminar a resenha de uma peça de teatro dizendo que o público deve se levantar e ir embora? Muitas vezes é garantia de que alguns desafetos extras vão passar a existir na vida do autor da resenha. Eu sei muito bem disso.
_____Trabalhando como crítico de cinema e teatro eu já arrumei boas brigas. Até entendo a raiva de algumas pessoas, só uma leve olhada em algumas críticas que publiquei aqui no blog fica fácil de perceber porque arrumo inimigos. Porém, é importante dizer, se eu critiquei duramente, foi pelo mais puro merecimento. É um trabalho sujo, mas alguém tem de fazê-lo; não vou deixar meus leitores irem assistir porcarias sem alertá-los (e, claro, é uma forma de ajudar os criticados a saberem em que estão errando).
_____No fim das contas, estou tão acostumado que já nem ligo mais para atores, diretores e afins vindo espernear na minha orelha. Só que, agora, arrumei um trabalho novo: fui convidado para ser parecerista de uma editora grande. Em outras palavras, minha modesta opinião vai servir para ajudar a decidir se um livro será ou não publicado.
_____Tenho alguns amigos escritores (alguns muito bons, inclusive) que nunca tiveram suas obras aceitas por alguma editora e, portanto, odeiam pareceristas. Já ouvi as maiores barbaridades do mundo sobre esses “pobres profissionais”. Tenho de admitir que acabo tendo até um certo receio de arrumar ainda mais desafetos por causa desse novo trabalho.
_____De qualquer modo, sei que isso faz parte do jogo. E, para a minha sorte, estou adorando o serviço.

1 de novembro de 2008

Dormindo com os pássaros

_____Ir dormir ouvindo os passarinhos cantando do lado de fora da janela é maravilhoso... Seria mais maravilhoso ainda se eu não tivesse de acordar pouco tempo depois.

30 de outubro de 2008

Sabendo olhar para o outro lado



_____Em maio deste ano, fui convidado para ver o lançamento do Projeto Som, Ritmo e Movimento da ONG Ação Comunitária. No texto que eu escrevi contando sobre o trabalho, elogiei bastante a idéia, mas, admito, foi uma pena ter tido a chance de conhecer apenas esse projeto da ONG, pois o trabalho que eles realizavam parecia bem bacana. Para minha sorte, na semana passada, o pessoal da Pólvora! me convidou para assistir um novo evento da Ação Comunitária e pude comprovar o que eu havia achado: eles também contam com outros projetos muito bons e tem obtido resultados bem interessantes.
_____O foco principal da ONG é proporcionar atividades essenciais para uma boa formação cultural. O público principal deles é de crianças e jovens sem boa condição financeira, da Zona Sul da cidade de São Paulo. Como eles não conseguem, obviamente, receber essa formação cultural das escolas públicas, a Ação Comunitária acaba tendo uma atuação bem importante nas comunidades que consegue atender.
_____Mesmo estando fazendo esse bom trabalho desde 1967, o número que pessoas atendidas é proporcional aos recursos que a ONG dispõe. Como eles não contam com o auxílio governamental direto, a maior parte de suas verbas vêm de empresários. Pelo que pude constatar, a Ação Comunitária, inclusive, têm conseguido gerir muito bem o dinheiro de que dispõem. Mesmo assim, para se manterem bem e crescerem mais, eles precisam de mais doações.
_____O objetivo principal deste texto é para divulgar mais ainda o bom trabalho que eles tem feito. Se, entre meus multimilionários leitores, existir algum que deseje, ao invés de comprar uma pequena ilha no Pacífico, auxiliar, de alguma forma, um trabalho social tão bem feito, fica aqui a sugestão.

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P.S.: Aproveito para agradecer a lembrança e a atenção que o pessoal da Pólvora! sempre me dispensa. Só falta, agora, eles me darem uma caneca.

28 de outubro de 2008

Comida Express

_____Eu consigo cozinhar. Dizer que eu sei, entretanto, seria uma mentira das grossas. Pegar uma receita na internet ou com a minha avó não é difícil; o difícil é seguir a receita. Acho chato ficar na cozinha e acabo me desconcentrando facilmente. É só ter de esperar uma panela esquentar, uma água ferver que eu já pego um livro, fico escutando música, vou para outro cômodo da casa e, obviamente, arrumo o terreno para alguma bobagem culinária acontecer.
_____Minha comida queima, minhas mãos queimam, partes de alimentos são derrubados no fogão e/ou no chão, esqueço de colocar algum ingrediente. Sou um horror na cozinha. Mesmo assim, quando pareço esquecer-me disso (ou quando nenhuma alma caridosa me alimenta), volto a freqüentá-la. O resultado é a minha pavorosa comida; tão horrorosa que eu mesmo odeio comê-la – acho até que meu gatinho de estimação morreu por causa de um assado que eu fiz. Acreditem, se eu convidar algum de vocês para comer a minha comida, é porque eu não gosto da pessoa.
_____Por isso mesmo, quando alguém fala em preparar algo rapidamente na cozinha, tento prestar atenção. Se for um prato fácil e rápido, existe até uma chance de que eu fique entretido por uns cinco minutos com aquilo e produza alguma coisa comestível.*
_____Toda essa introdução para falar que o pessoal da Ediouro enlouqueceu e resolveu convidar o Branco Leone e o Ops! para fazer uma promoção. Quem (I) for até esta postagem, do blog Enfia o Dedo no Curry e Cheira, e, nos comentários, (II) formular uma frase (de até vinte palavras) com as palavras “Nigella” e “rapidinha“ e (III) deixar uma receita que pode ser preparada em até 15 minutos, concorre a um exemplar do livro Nigella Express.**



_____Vocês acham que eu estou falando tudo isso porque o pessoal do Ops! me obrigou a divulgar a promoção? Nada disso. Estou divulgando porque eu farei parte da banca julgadora que vai comer os pratos preparados pelo Branco para decidir qual a melhor receita enviada: o autor da receita vencedora leva o exemplar do livro da Nigella.
_____Não é lindo? Todos saem ganhando: meus leitores ganham um livro, a Ediouro e a Nigella, exposição e eu ganho uma boca-livre. Além disso, sempre existe a chance de algum leitor me convidar para um jantar.

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P.S.: Além do biruta do Branco, sobre comidas eu também ando lendo o que a Carol Costa tem escrito para a Bons Fluidos. Sempre acabo dando muita risada.
P.P.S.: Se alguém ficou curioso para ver uma “dica culinária” de minha autoria, a minha preferida é o “Petit gâteau fast food”.

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* Não. Antes que alguém pergunte, meu miojo não é comestível.
** A mesma promoção do banner na barra lateral do blog.

25 de outubro de 2008

Decisões fáceis

_____Quem acompanha o Incautos, sabe em quem eu votei no primeiro turno. Para este segundo, admito que tenho algumas dúvidas e uma certeza. A certeza é que não vou votar no Kassab. Entre as dúvidas, a principal é se anulo ou dou, mesmo, o meu voto para a Marta.
_____Não votar em Gilberto Kassab no segundo turno já era uma certeza fazia meses. A única chance que o atual prefeito tinha de receber o meu voto era se Paulo Maluf fosse com ele para o 2º. Graças aos deuses, ao Pitta e a um pouco de razão na cabeça dos eleitores, o porco do Maluf nem chegou perto de sair do primeiro turno. Sendo assim, o Kassab não tem a menor chance de receber o meu voto.
_____O histórico dele, as pessoas com quem trabalhou, o seu partido, suas contas mal explicadas já me deixariam longe de votar nele de qualquer modo. Sua administração pífia (não foi à toa que ele começou tão mal nas pesquisas no início do horário eleitoral), a utilização da máquina pública para propaganda  própria durante a gestão (quando ele mesmo “condenou” as propagandas paulistanas), seus projetos executados de maneira a criar problemas antes inexistentes, então, facilitam mais ainda a minha decisão de não apertar “25” amanhã.
_____Só falta decidir o que apertar.
_____Como a vida dos cariocas é mais simples...

23 de outubro de 2008

Satyrianas: à prova de desculpas

_____– Claro, eu a-do-ro teatro.
_____– E o que tem visto de bom?
_____– Nada. Não tenho tido tempo.

_____Todo mundo tem um conhecido que se finge de intelectual, um cara meio Conselheiro Acácio.* Obviamente esse chato vive a citar centenas de livros que ele fingiu ler, tem opiniões formadas sobre tudo e, claro, como ele acha que isso é coisa de gente inteligente, diz que a-do-ra teatro. Os verdadeiros freqüentadores de teatro, entretanto, sabem que, no máximo, ele viu, nos últimos seis meses, uma peça com um ator famosinho da televisão. Quando um grupo está indo ao teatro, o acaciano, invariavelmente, tem uma desculpa pronta para recusar.
_____De hoje (dia 23) até domingo (26), esse tipo de chato vai ter de se esforçar um pouco mais para dar desculpas. Festejando o início da primavera, o grupo dos Satyros organiza, aqui em Sampa, as deliciosas Satyrianas: quase 80 horas seguidas de teatro e outras atividades culturais, predominantemente na Praça Roosevelt e região (mais detalhes e horários no site do grupo).



_____Como vai ser possível encontrar peças a qualquer hora, de manhã à madrugada, da hora do almoço à hora da janta, falta de tempo não vai ser bem uma desculpa que vai colar muito.
_____“Serial legal, mas eu estou duro.”.
_____Dinheiro também não vai ser motivo para não ir. O espectador é que define o preço do ingresso.
_____“Tô meio perdido. Não sei o que ver.”.
_____Vai ser possível ver tudo o que é tipo de peça. De clássicos a hiper modernos; de grupos desconhecidos a gente famosa; de comédia a drama. Pessoalmente, estou morrendo de vontade de ver algum dos trabalhos do Otávio Martins.
_____“Não posso ir. A minha namorada disse que vamos ter um fim de semana de sexo animal.”.
_____Oras, o evento é na Praça Roosevelt, cheio de gente de teatro. Leve a namorada que ainda surge a chance de ser sexo animal a três ou coisas do tipo. Sem contar que A Filosofia na Alcova e Os 120 Dias de Sodoma, do Marquês de Sade, vão estar em cartaz.
_____Agora, se o seu conhecido que se finge de intelectual conseguir arrumar uma desculpa para não ir, aconselho, seriamente, a dizer para ele tentar ganhar cultura de verdade, pois ele tem um bom talento para ficcionista.

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P.S.: Para os meus leitores não-paulistanos, como a Ro Costa, lamento muito. Mas, saibam que as Satyrianas acontecem todo ano, nesta mesma época. Tentem se organizar para o ano que vem.



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* Só a bailarina que não tem.

21 de outubro de 2008

Lixeira na plataforma

_____Em abril de 2007, eu escrevi um texto reclamando que as lixeiras foram retiradas das plataformas do metrô sem uma justificativa realmente aceitável. Este mês descobri que a falta deve incomodar, também, os funcionários, pois eles estão recolocando, por conta própria, lixeiras nas plataformas:



_____Só é uma pena que a "recolocação" seja feita de uma forma tão rudimentar.

19 de outubro de 2008

Excluídos por merecimento



_____Sexta-feira indiquei para vocês um livro que é, até hoje, muito importante para mim e que, acredito, pode ser lido com muito proveito por muitos de meus leitores. Hoje vou indicar um espetáculo (?) que, se depender de mim, meus leitores não vão nem chegar perto.
_____Semana passada fui ao Avenida Club assistir Exluídos, de João Carlos Ramos. Pela graça de Terpsícore, o espetáculo só vai contar com duas apresentações (a que eu vi, na semana passada – dia 12 –, e a de hoje – dia 19), o que, sinceramente, é bem mais do que eles merecem.
_____A idéia da peça é trabalhar com o tema da exclusão utilizando, principalmente, a dança de salão. Coreografias, músicas atípicas, depoimentos, textos, frases e a participação do público acabam compondo o trabalho.
_____Mesmo com profissionais da área, com alguns trechos bem montados, Excluídos é, no geral, de um amadorismo tosco, próximo de uma típica peça escolar. Grande parte dos dançarinos que subiram ao palco é bastante despreparada; a junção pobre entre os trechos da montagem, o tanto de pontos em que a peça se perde parece denotar uma quase inexistência de roteiro; os figurinos rústicos lembram um armário comum.
_____O ponto alto do espetáculo está na hora de rever preconceitos, principalmente entre brasileiros e argentinos. Misturando sambas e tangos, as interessantíssimas músicas escolhidas para o ponto, poderiam ter salvado o espetáculo de um grande fiasco. O som do Avenida Club, entretanto, está péssimo: as caixas estão estouradas, cheias de chiado. Uma vergonha sem par para uma casa que apresenta tantos espetáculos e trabalha há décadas com música. O resultado é que nem a boa seleção musical pôde ser aproveitada.
_____Saí descontente com o espetáculo. Como profissional da dança de salão, eu teria tido vergonha de participar (pelo que conheço, eu esperava mais de um pessoal do Andrei Udiloff*). Por fim, é necessário dizer: as pessoas do espetáculo podem até reclamar, mas a verdade é que elas merecem ser excluídas.

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* Da turma da Cia. Brasileira de Danças de Salão eu esperava isso mesmo.